José Francisco Falcão de Barros

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José Francisco Falcão de Barros (24 de março de 1965) é um bispo católico, auxiliar do Ordinariado Militar do Brasil.



  • A santidade é possível a todos, pois todo aquele que a procura acha. Com a firmeza de nossos propósitos, Deus atenderá. Adoramos a imagem visível, cristo do Deus invisível. Contemplemos Jesus com os olhos da fé. O amor que permite tudo não é amor. O amor que é amor coloca freios.
- Fonte: Quem É O Bom Samaritano? – Homilia De Dom Falcão (10 de julho de 2016)
  • "Lutero combate aquilo que, segundo ele, é uma sobreposição da primazia da graça de Deus, que é o esforço do homem em detrimento da graça de Deus. Lutero criticava qualquer tipo de iniciativa do homem perante Deus que, segundo ele, era uma forma de comprar, de adquirir, de obter como direito adquirido a salvação. Os méritos do homem era aquilo que Martinho Lutero condenava absolutamente; e, concretamente, a penitência. Pensemos, por exemplo, a mortificação, as obras meritórias no sacramento da penitência, os atos do penitente: contrição, acusação e reparação. Lutero abominava a reparação, dizia que o homem não pode se penitenciar diante de Deus, é tudo graça de Deus: o homem é justificado absolutamente pela fé. Pegando, por exemplo, Romanos, capítulo 3, versículo 28: «Julgamos que o homem é justificado pela fé sem as observâncias da lei». O apóstolo Paulo esquematiza sua doutrina sobre a justificação combatendo as obras da lei de Moisés. O que São Paulo diz que não justifica é a prática das obras da lei de Moisés. Segundo a mentalidade farisaica daquele tempo, o homem era justificado praticando obras, observando o sábado, pagando o dízimo, fazendo jejuns etc. Isso, segundo a mentalidade farisaica, fazia com que Deus se sentisse obrigado a justificar o homem: «Já que eu fiz coisas boas, Deus tem a obrigação de me salvar; Deus tem a obrigação de me levar para o céu». São Paulo combate esse tipo de postura e diz que o homem é justificado pela fé em Jesus Cristo e não pelas obras da lei. Ocorre que se fez uma passagem indevida, combatendo as obras da lei de Moisés. Lutero acaba ignorando a necessidade das obras da fé. E essa é a questão, o ponto fraco da afirmação sola fide. Em nenhum momento, na Palavra de Deus, se diz que «somente a fé» justifica porque a questão, aqui, não é dar o devido valor às obras da lei de Moisés: essas não justificam de jeito nenhum! A questão é: as obras da fé, elas justificam ou não? São Tiago no capítulo 2, versículo 24, diz uma frase que é bombástica: «O homem é justificado pelas obras e não somente pela fé». Esse foi o erro de Lutero. Lutero esqueceu de coadunar a afirmação paulina com a afirmação de São Tiago. Aliás, o próprio apóstolo Paulo afirma, por exemplo, em Gálatas, capítulo 5, versículo 6: «Nem a circuncisão justifica, nem a incircunsição justifica, mas a fé que age pela caridade». São Tiago vai dizer, no mesmo capítulo 2, que «a fé sem as obras é morta». São Paulo, no famoso hino à caridade, diz que se eu não tiver a caridade eu não sou absolutamente nada: «A caridade é paciente (...)», o famoso hino à caridade da Primeira aos Coríntios, 13, de 1 a 6. Então, não há contraposição entre a doutrina do apóstolo Paulo e a doutrina de São Tiago, ambas são convergentes. Toda questão é saber: uma fé sem obras, obras da fé, as obras que evidenciam a fé: as obras justificam ou não? Cito ainda, no mesmo capítulo 2, da carta de São Tiago: «Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril? Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar? Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas». Eu penso que essa afirmação de São Tiago é bem clara. Toda questão é saber: a fé, enquanto adesão à pessoa de Cristo, à sua proposta, à entrega ao Senhor e Salvador, Jesus Cristo, isso, necessariamente, comporta uma atitude, uma postura de homem renovado, ou seja, as obras da fé? Uma fé sem essas obras pode-se dizer que é uma fé que salva? Não, não, absolutamente. Então, a lacuna, o ponto frágil dessa afirmação de Martinho Lutero é a palavra «somente». Que o homem é justificado pela fé, não se discute: nós temos Romanos, 3:28; nós temos Efésios, capítulo 2, versículo 8: gratuitamente ele é justificado. O problema, de Lutero, é colocar este «somente» excluindo as obras que evidenciam a fé, não as obras da lei de Moisés".
- Sobre a doutrina protestante Sola fide (Somente a fé)
- Vídeo no YouTube: youtube.com/watch?v=dSyT93aq2Eg (8 de setembro de 2017)
  • "Martinho Lutero concebia apenas a Palavra de Deus escrita como a única norma de fé. Lutero negava as outras fontes da Fé Católica: a Tradição e o Magistério. Ele dizia que somente a Palavra de Deus escrita vincula, obriga, só ela é a expressão da vontade de Deus na nossa vida; somente a Escritura: Palavra de Deus escrita. Esta é a tese de Martinho Lutero. Fundamento na Escritura? Não existe! Ele citou textos da Escritura para tentar fundamentar isto, mas em nenhum versículo da Escritura aparece essa expressão «somente a Escritura». A Escritura como norma de fé aparece, sem dúvida alguma. Pensemos, por exemplo, «Toda a Escritura é inspirada por Deus, é útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra», II Timóteo, capítulo 3 de 16 a 17. Só que aqui não é dito «somente a Escritura». Toda a Escritura. A questão é saber: Deus nos fala somente pela Palavra de Deus escrita? Lutero radicalizou e disse «Sim!», só pela Palavra de Deus escrita. O problema é que a Tradição, na Escritura, é tradição oral e tradição escrita. Antes de a Bíblia ser escrita, antes de a Palavra de Deus se tornar escrita, ela foi tradição oral dentro da Igreja. Antes de se escrever alguma coisa, na Igreja primitiva, houve o primado da Palavra oral. Primeiro Jesus pregou: os apóstolos contemplaram. Jesus não escreveu nada, a não ser uma única vez, escrevendo lá no chão, quando tentaram apedrejar a adúltera. Ninguém sabe exatamente o que Jesus estava escrevendo. Mas, nos Evangelhos, não se diz nenhuma vez que Nosso Senhor, Jesus Cristo, escreveu ou que pediu para alguém escrever. Somente no Apocalipse, aos anjos das igrejas, às sete igrejas do Apocalipse, é que Jesus pede ao anjo da igreja de Tiatira: escreve; ao anjo da igreja de Sardes: escreve; ao anjo da igreja de Laodiceia: escreve; ao anjo da igreja de Esmirna: escreve; ao anjo da igreja de Filadélfia: escreve. Mas, fora disso, Jesus não pediu, nos Evangelhos, a ninguém para escrever nada. Isso brotou, naturalmente, depois que os apóstolos, após Pentecostes, pregaram é que se sentiu a necessidade de se deixar por escrito aquilo que foi fruto da experiência dos apóstolos com o ressuscitado, com o Nosso Senhor Jesus Cristo, durante a sua vida pública, e como fruto também da sua própria pregação. Essa é a questão problemática de Martinho Lutero: só a Palavra de Deus escrita. Mas, na Escritura, o primado, no começo, não foi a Bíblia. Foi a pregação oral. Tenho uma prova disso no início do Evangelho segundo Lucas. São Lucas diz: «Muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como no-los transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra. Também a mim me pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escrevê-los para ti segundo a ordem, excelentíssimo Teófilo». O próprio prólogo do Evangelho segundo Lucas mostra que antes do que estava escrito, do que foi colocado por escrito, havia a Tradição oral. Essa tradição, que ao longo dos anos se desdobrou na fidelidade à Palavra de Deus escrita, é o que nós chamamos de tradição oral. Dois mil anos de cristianismo! No caso de Lutero, mil e quinhentos anos que ele jogou no lixo juntamente com o Magistério da Igreja. E disse: «Para interpretar a Bíblia, não precisamos do Magistério da Igreja, não precisamos da Tradição oral: somente o que está escrito». É o princípio do livre exame: cada um tem um espírito santo: interpreta a Bíblia do jeito que quiser. Você não precisa de critério, fora da Bíblia, para interpretar seguramente a Bíblia: princípio perigosíssimo cujas consequências não cessam de aparecer até os dias de hoje".
- Sobre a doutrina protestante Sola Scriptura (Somente a Escritura)
- Vídeo no YouTube: youtube.com/watch?v=PvsJ_YMtHnA (8 de setembro de 2017)
  • "Basílica, de onde vem esse nome? Basileis é basileo, rei; oikia, casa. Oikia, em grego, é casa. Portanto, literalmente, significa a casa do rei. Traduzindo para a Língua Portuguesa seria o que? Um palácio porque o palácio é o local onde reside o imperador, onde reside o rei. (...) originariamente, as basílicas eram realidades pagãs; não eram realidades cristãs. Essa nomenclatura não foi inventada pela Igreja: é uma nomenclatura tirada do mundo pagão. Quando o cristianismo se tornou uma religião permitida, pelo Império, - isso foi no tempo de Constantino (Constantino não tornou, de forma alguma, o cristianismo a religião oficial do Estado, isso é um equívoco; quem tornou a religião cristã a religião oficial do Estado foi Teodósio, bem depois de Constantino, já Constantino falecido) -, quando foi permitido à Igreja construir templos, alguns templos, mais importantes, seja pela sua localização, seja pelo seu tamanho, pela sua expressão física, geográfica e também pastoral, esse título [basílica] passou a designar aquelas igrejas de maior relevo, consagradas ao rei, ao rei Jesus, ou a Deus que é rei. Daí vem basílica, agora, com um outro sentido. Basílica, com o cristianismo como a religião oficial do Estado, passa a ter um significado extremamente religioso: é o local de culto, mas não é um local de culto qualquer; é o local de culto relevante, expressivo, pelo seu tamanho, pela sua localização, pela sua dimensão".
- Vídeo no YouTube: youtube.com/watch?v=Ao6QXOafXPQ (5 de março de 2022)