Anticristo, O

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O Anticristo, escrita em 1888 e publicada em 1895, é uma das mais ácidas críticas de Nietzsche ao cristianismo.

Nietzsche tornou-se um destruidor de ídolos e foi um crítico veemente de todos aqueles que se consideravam donos da verdade. Neste livro o autor faz ruir o Cristianismo como base valorativa do Ocidente, pois apresenta uma crítica contundente contra a instituição cristã, para ele, diferenciada do Cristo. A crítica do filósofo contra o Cristianismo é no sentido da negação desta vida em nome de outra no além.


  • "Para que o amor seja possível, Deus deve ser uma pessoa; para que os instintos mais baixos possam se expandir, é necessário que Deus seja jovem. Para o fervor das mulheres, põe-se em primeiro plano um belo santo; para o dos homens, uma virgem."
  • "O amor é o estado no qual o homem vê as coisas quase totalmente como não são. A força da ilusão alcança seu ápice aqui, assim como a capacidade para a suavização e para a transfiguração. Quando um homem está apaixonado sua tolerância atinge ao máximo; tolera−se qualquer coisa."
- em O Anticristo, parte 23, página 77.
  • "O homem perde o poder quando é contagiado pelo sentimento de piedade."
  • "A humanidade aprendeu a chamar a piedade de virtude, quando em todo o sistema moral superior ela é considerada como uma fraqueza."
  • "O cristianismo tomou o partido de tudo o que é fraco, baixo, incapaz, e transformou em um ideal a oposição aos instintos de conservação da vida saudável; e até corrompeu a faculdade daquelas naturezas intelectualmente poderosas, ensinando que os valores superiores do intelecto não passam de pecados, desvios 'tentações'. O mais lamentável exemplo: a concepção de Pascal, que julgava estar a sua razão corrompida pelo pecado original; estava corrompida sim, mas apenas pelo seu cristianismo!."
  • "A piedade opõe-se completamente à lei da evolução, lei da seleção natural."
  • " Não posso neste momento reprimir um suspiro. Há dias em que se apodera de mim um sentimento mais negro que a mais negra melancolia: o desprezo pelos homens. E, para não deixar dúvida sobre o que e a quem desprezo, direi que é o homem de hoje, de quem por fatalidade sou contemporâneo. O homem de hoje - o seu hálito impuro asfixia-me."
  • "Denomino corrompido um animal, uma espécie, um indivíduo, quando perde seus instintos, quando escolhe, quando prefere o que lhe é nocivo. Uma história dos "sentimentos elevados", dos 'ideais da humanidade' - e é possível que tenha de escrevê-la - praticamente explicaria por que o homem é tão degenerado. A própria vida apresenta-se a mim como um instinto para o crescimento, para a sobrevivência, para a acumulação de forças, para o poder. sempre que falta a vontade de poder ocorre o desastre."
  • "A própria palavra cristianismo é já um equívoco - no fundo só existiu um cristão, e esse morreu na cruz."
  • "E no entanto Jesus tinha suprimido até a ideia do pecado - havia negado o abismo entre Deus e o homem, viveu essa unidade entre Deus e o homem que era a sua "boa nova"!"
  • "Para suportar a minha seriedade e a minha paixão é preciso ser íntegro nas coisas de espírito até as últimas consequências; estar acostumado a viver nas montanhas, a ver abaixo de si o mesquinho Charlatanismo actual da política e do egoísmo dos povos; e, finalmente, ter-se tornado indiferente e jamais perguntar se a verdade é útil, se chegará a ser uma fatalidade... Necessária é também uma inclinação para enfrentar questões que hoje ninguém se atreve a elucidar; inclinação para o proibido; predestinação para o labirinto."
  • "A desigualdade dos direitos é a primeira condição para que haja direitos."
  • "(...) como eu poderia misturar−me àqueles aos quais se presta ouvidos atualmente? – Somente os dias vindouros me pertencem. Alguns homens nascem póstumos."
- "O Anticristo e Ditirambos de Dionisio" - Página 58, Friedrich Nietzsche, tradução de Paulo César de Souza - Editora Companhia das Letras, 2007, ISBN 8535909621, 9788535909623 - 176 página
- Morality is the best of all devices for leading mankind by the nose.
- The Anti-Christ - Página 74, Friedrich Wilhelm Nietzsche - Wilder Publications, 2008, ISBN 1604593261, 9781604593266 - 108 páginas
  • "Que importância tem o resto? – O resto é somente a humanidade. – É preciso tornar-se superior à humanidade em poder, em grandeza de alma – em desprezo..."
  • "Enquanto o padre, esse negador, caluniador e envenenador da vida por profissão for aceito como uma variedade de homem superior, não poderá haver resposta à pergunta: Que é a verdade? A verdade já foi posta de cabeça para baixo quando o advogado do nada foi confundido com o representante da verdade."
  • "A "verdade" como a entendem todos os profetas, sectários, livres pensadores, socialistas e homens de igreja, é uma prova absoluta de que nem sequer se deu ainda um passo na educação do espírito e no domínio sobre si mesmo, necessária para achar a verdade, ainda das menores."
  • "Não nos deixemos iludir; os grandes espíritos são céticos. Zaratustra é um cético. A força e a liberdade, nascidas do vigor e da plenitude do espírito, demonstram-se pelo ceticismo."
  • "Quando um homem sente que possui uma missão divina, digamos, melhorar, salvar ou libertar a humanidade – quando um homem sente uma faísca divina em seu coração e acredita ser o porta-voz de imperativos supranaturais – quando tal missão o inflama, é simplesmente natural que ele coloque-se acima dos níveis de julgamento meramente racionais. Sente a si próprio como santificado por essa missão, sente que faz parte de uma ordem superior!..."
  • "Após o conceito de “natureza” ter sido usado como oposto ao conceito de “Deus”, a palavra “natural” forçosamente tomou o significado de “abominável” – todo esse mundo fictício tem sua origem no ódio contra o natural (– a realidade! –), é evidência de um profundo mal-estar com a efetividade... Isso explica tudo. Quem tem motivos para fugir da realidade? Quem sofre com ela. Mas sofrer com a realidade significa uma existência malograda.."
  • "No seu íntimo o cristianismo possui várias sutilezas que pertencem ao Oriente. Em primeiro lugar, sabe que é de pouca relevância se uma coisa é verdadeira ou não, desde que se acredite que é verdadeira. Verdade e fé: aqui temos dois mundos de idéias inteiramente distintas, praticamente dois mundos diametralmente opostos – os seus caminhos distam milhas um do outro. Entender esse fato a fundo – isso é quase o suficiente, no Oriente, para fazer de alguém um sábio. Os brâmanes sabiam disso, Platão sabia disso, todo estudante de esoterismo sabe disso. Quando, por exemplo, um homem sente qualquer prazer através da idéia de que foi redimido do pecado, não é necessário que seja realmente pecador, mas que simplesmente sinta-se pecador. Mas quando a fé é exaltada acima de tudo, disso segue-se necessariamente o descrédito à razão, ao conhecimento e à investigação meticulosa: o caminho que leva à verdade torna-se proibido."
  • "Considerados psicologicamente, os “pecados” são indispensáveis em toda sociedade organizada sobre fundamentos eclesiásticos; são os únicos instrumentos confiáveis de poder; o padre vive do pecado; tem necessidade de que existam “pecadores”... Axioma Supremo: “Deus perdoa a todo aquele que faz penitência” – ou, em outras palavras, a todo aquele que se submete ao padre."
  • "Esse santo anarquista incitou o povo de baixeza abissal, os réprobos e “pecadores”, os chandala do judaísmo a emergirem em revolta contra a ordem estabelecida das coisas – e com uma linguagem que, se os Evangelhos merecem crédito, hoje o conduziria à Sibéria – esse homem certamente era um criminoso político, ao menos tanto quanto era possível o ser em uma comunidade tão absurdamente apolítica. Foi isso que o levou à cruz: a prova consiste na inscrição colocada sobre ela. Morreu pelos seus pecados – não há qualquer razão para se acreditar, não importa quanto isso seja afirmado, que tenha morrido pelo pecado dos outros."
  • "Lei contra o cristianismo - Dada no dia da Salvação primeiro dia do ano Um (a 30 de Setembro de 1888, pelo falso calendário): Artigo Primeiro - É vício qualquer forma de antinatureza. A mais viciosa espécie de homens é o padre: ele ensina a antinatureza. Conta o padre não temos razões, temos a casa de correção; Artigo Segundo: Qualquer participação num ofício divino é um atentado contra a moral pública. Seremos mais duros para um protestante do que para um católico, mais duros para um protestante liberal que para um puritano. Quanto mais próximo se está da ciência, maior é o crime de se ser cristão. Por conseguinte o maior dos criminosos é o filósofo; Artigo Terceiro: O lugar de maldição onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco será completamente arrasado e, sendo sobre a Terra o local sacrílego, constituirá motivo de pavor para a posteridade. Aí serão criadas serpentes venenosas; Artigo Quarto: A apologia da castidade é uma pública incitação ao antinatural. Desprezar a vida sexual, enxovalhá-la com a noção de 'impuro', eis o verdadeiro pecado contra o Espírito Santo da Vida; Artigo Quinto: Comer à mesa com um padre exclui-vos; fazendo, excomungam-se da justa sociedade. O padre é o nosso tchandala - será encarcerado, privado de alimentos, expulso para um local como o deserto; Artigo Sexto: Dar-se-á à história 'santa' o nome que merece, isto é, história maldita; serão usadas as palavras 'Deus', 'Salvador', 'Redentor', 'Santo' para injuriar, para com elas marcar os criminosos; Artigo Sétimo: O resto nasce aqui."
  • "Ao contrário do que se afirma hoje, a humanidade não representa uma evolução para algo melhor, mais forte ou mais elevado. O 'progresso' não passa de uma ideia moderna, ou seja, uma ideia falsa. O europeu moderno tem bem menos valor que o europeu do Renascimento. Desenvolver-se não significa forçosamente elevar-se, aperfeiçoar-se, fortalecer-se."
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