Machado de Assis

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Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de Junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de Setembro de 1908), escritor carioca, brasileiro. Considerado o pai do realismo no Brasil, escreveu Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba e vários livros de contos, entre eles, Papéis Avulsos, no qual se encontra o conto O Alienista, no qual discute a loucura. Também escreveu poesia e foi um ativo crítico literário, além de ser um dos criadores da crônica no país. Foi o fundador da Academia Brasileira de Letras.


Romances[editar]

Memórias Póstumas de Brás Cubas[editar]

Ver artigo principal: Memórias Póstumas de Brás Cubas.
  • "Creiam-me, o menos mal é recordar; ninguém se fie da felicidade presente; há nela uma gota da baba de Caim".
- Machado de Assis in: Memórias Póstumas de Brás Cubas, capítulo VI (1880)
  • "Não se ama duas vezes a mesma mulher."
- "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881), capítulo XLIV; veja (wikisource)
  • "Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes."
- "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881), capítulo XXVII; veja (wikisource)
  • "Suporta-se com paciência a cólica do próximo."
- "Memórias Póstumas de Brás Cubas", capítulo CXIX; veja (wikisource)
  • Matamos o tempo; o tempo nos enterra.
- Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CXIX.
  • Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem.
- Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CXIX.
  • Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.
- Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CXIX.
  • Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é a de um joalheiro.
- Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CXIX.
  • Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar.
- Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CXIX.
  • "(...) gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou."
- "Memórias Póstumas de Brás Cubas", capítulo CLI; veja (wikisource)
  • "Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelada e rebelde, corria diante da fatalidade das coisas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, - nada menos que a quimera da felicidade, - ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão".
- Memórias póstumas de Brás Cubas, Capítulo VII, Machado de Assis (1881)

Quincas Borba[editar]

  • "Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição de sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra."
- "Quincas Borba" (1891), capítulo VI; veja (wikisource)
  • "E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida."
- "Quincas Borba" (1891), capítulo XLV; veja (wikisource)
  • "Ao vencedor, as batatas."
- "Quincas Borba" (1891), capítulo XVIII; veja (wikisource)
- "Quincas Borba" (1891), capítulo XXXII; veja (wikisource)

Dom Casmurro[editar]

Ver artigo principal: Dom Casmurro.
  • "Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde. Mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo."
- Capítulo II;
  • "— A vida é uma ópera e uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestração é excelente..."
- Capítulo IX; veja no (wikisource)
  • "Deus é o poeta. A música é de Satanás, jovem maestro de muito futuro, que aprendeu no conservatório do céu."
- Capítulo IX
  • "Caro Santiago, eu não tenho graça, eu tenho horror à graça. Isto que digo é a verdade pura e última. Um dia, quando todos os livros forem queimados por inúteis, há de haver alguém, pode ser que tenor, e talvez italiano, que ensine esta verdade aos homens. Tudo é música, meu amigo. No princípio era o dó, e do dó fez-se ré, etc. Este cálice (e enchia-o novamente), este cálice é um breve estribilho. Não se ouve? Também não se ouve o pau nem a pedra, mas tudo cabe na mesma ópera..."
- Capítulo IX; veja no (wikisource)
  • "Que é demasiada metafísica para um só tenor, não há dúvida; mas a perda da voz explica tudo, e há filósofos que são, em resumo, tenores desempregados."
- Capítulo X; veja no (wikisource)
  • "Há coisas que só se aprendem tarde; é mister nascer com elas para fazê-las cedo. E melhor é naturalmente cedo que artificialmente tarde."
- Capítulo XV; veja no (wikisource)
  • "Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca."
- Capítulo XXXII; veja (wikisource)
  • "Tudo acaba, leitor; é um velho truísmo, a que se pode acrescentar que nem tudo o que dura, dura muito tempo. Esta segunda parte não acha crentes fáceis; ao contrário, a ideia de que um castelo de vento dura mais que o mesmo vento de que é feito, dificilmente se despegará da cabeça, e é bom que seja assim, para que se não perca o costume daquelas construções quase eternas."
- Capítulo CXVIII; veja (wikisource)
  • "As pessoas valem o que vale a afeição da gente, e é daí que mestre Povo tirou aquele adágio que quem o feio ama bonito lhe parece."
- Capítulo CXXXI; veja (wikisource)
  • "É bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve!"
- Capítulo CXLVIII;

Contos[editar]

A Chinela Turca[editar]

  • "O melhor drama está no espectador e não no palco."

Virginius[editar]

  • "Juntos vimos florescerem as primeiras ilusões, e juntos vimos dissiparem-se as últimas."

Miss Dollar[editar]

  • "Era homem como os outros; outros Aquiles andam por aí que são da cabeça aos pés um imenso calcanhar."
  • "O ridículo é uma espécie de lastro da alma quando ela entra no mar da vida; algumas fazem toda a navegação sem outra espécie de carregamento."
  • "A ausência diminui as paixões medíocres e aumenta as grandes, como o vento apaga as velas e atiça as fogueiras."
- Machado de Assis in: Miss Dollar, Capítulo V, citando La Rochefoucauld

Mariana[editar]

  • "Não há decepções possíveis para um viajante, que apenas vê de passagem o lado belo da natureza humana e não ganha tempo de conhecer-lhe o lado feio."

O Parasita Azul[editar]

  • "Importuna coisa é a felicidade alheia quando somos vítima de algum infortúnio."
  • "Porque não há raciocínio nem documento que nos explique melhor a intenção de um ato do que o próprio autor do ato."

Teoria do Medalhão[editar]

  • "A vida é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra."
  • "Porque o adjetivo é a alma do idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do vocabulário."
  • "Sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, é de bom aviso trazê-los contigo para os discursos de sobremesa, de felicitação ou de agradecimento."
- "Teoria do medalhão" (1881); veja (wikisource)

O anel de Polícrates[editar]

  • "Quem não for cavaleiro, que o pareça."
  • "Meu amigo, a imaginação e o espírito têm limites; a não ser a famosa botelha dos saltimbancos e a credulidade dos homens, nada conheço inesgotável debaixo do sol."

O Alienista[editar]

  • "Dentro de cinco dias, o alienista meteu na Casa Verde cerca de cinquenta aclamadores do novo governo. O povo indignou-se. O governo, atarantado, não sabia rea gir. João Pina, outro barbeiro, dizia abertamente nas ruas, que o Porfírio estava "vendido ao ouro de Simão Bacamarte", frase que congregou em torno de João Pina a gente mais resoluta da vila. Porfírio, vendo o antigo rival da navalha à testa da insurreição, compreendeu que a sua perda era irremediável, se não desse um grande golpe; expediu dois decretos, um abolindo a Casa Verde, outro desterrando o alienista. João Pina mostrou clara mente, com grandes frases, que o ato de Porfírio era um simples aparato, um engodo, em que o povo não devia crer. Duas horas depois caía Porfírio ignominiosamente, e João Pina assumia a difícil tarefa do governo. Como achasse nas gavetas as minutas da proclamação, da ex posição ao vice-rei e de outros atos inaugurais do gover no anterior, deu-se pressa em os fazer copiar e expedir; acrescentam os cronistas, e aliás subentende-se, que ele lhes mudou os nomes, e onde o outro barbeiro falara de uma câmara corrupta, falou este de "um intruso eivado das más doutrinas francesas, e contrário aos sacrossan tos interesses de Sua Majestade, etc.". Nisto entrou na vila uma força mandada pelo vice -rei, e restabeleceu a ordem. O alienista exigiu desde logo. a entrega do barbeiro Porfirio, e bem assim a de uns cin quenta e tantos individuos, que declarou mentecaptos; e não só lhe deram esses, como afiançaram entregar-lhe mais dezenove sequazes do barbeiro, que convalesciam das feridas apanhadas na primeira rebelião.

Este ponto da crise de Itaguaí marca também o grau máximo da influência de Simão Bacamarte. Tudo quan po to quis, deu-se-lhe; e uma das mais vivas provas do der do ilustre médico achamo-la na prontidão com que os vereadores, restituídos a seus lugares, consentiram em que Sebastião Freitas também fosse recolhido ao hospí cio. O alienista, sabendo da extraordinária inconsistên cia das opiniões desse vereador, entendeu que era um caso patológico, e pediu-o. A mesma coisa aconteceu ao boticário. O alienista, desde que lhe falaram da momen tânea adesão de Crispim Soares à rebelião dos Canjicas, comparou-a à aprovação que sempre recebera dele, ain da na véspera, e mandou capturá-lo. Crispim Soares não negou o fato, mas explicou-o dizendo que cedera a um movimento de terror, ao ver a rebelião triunfante, e deu como prova a ausência de nenhum outro ato seu, acres centando que voltara logo à cama, doente. Simão Baca marte não o contrariou; disse, porém, aos circunstantes que o terror também é pai da loucura, e que o caso de Crispim Soares lhe parecia dos mais caracterizados. Mas a prova mais evidente da influência de Simão Bacamarte foi a docilidade com que a câmara lhe entre gou o próprio presidente. Este digno magistrado tinha declarado em plena sessão, que não se contentava, para lavá-lo da afronta dos Canjicas, com menos de trinta al mudes de sangue; palavra que chegou aos ouvidos do alienista por boca do secretário da câmara, entusiasma do de tamanha energia. Simão Bacamarte começou por meter o secretário na Casa Verde, e foi dali à cámara, à qual declarou que o presidente estava padecendo da "demência dos touros", um gênero que ele pretendia es tudar, com grande vantagem para os povos. A cámara a princípio hesitou, mas acabou cedendo.

Daí em diante foi uma coleta desenfreada. Um ho mem não podia dar nascença ou curso à mais simples mentira do mundo, ainda daquelas que aproveitam ao inventor ou divulgador, que não fosse logo metido na Casa Verde. Tudo era loucura. Os cultores de enigmas, os fabricantes de charadas, de anagramas, os maldizen tes, os curiosos da vida alheia, os que poem todo o seu cuidado na tafularia, um ou outro almotacé enfunado, ninguém escapava aos emissários do alienista. Ele res peitava as namoradas e não poupava as namoradeiras, dizendo que as primeiras cediam a um impulso natural, e as segundas a um vício. Se um homem era avaro ou pródigo ia do mesmo modo para a Casa Verde; daí a ale gação de que não havia regra para a completa sanidade mental. Alguns cronistas creem que Simão Bacamarte nem sempre procedia com lisura, e citam em abono da afirmação (que não sei se pode ser aceita) o fato de ter alcançado da câmara uma postura autorizando o uso de um anel de prata no dedo polegar da mão esquerda, a toda a pessoa que, sem outra prova documental ou tra dicional, declarasse ter nas veias duas ou três onças de sangue godo. Dizem esses cronistas que o fim secreto da insinuação à câmara foi enriquecer um ourives, amigo e compadre dele; mas, conquanto seja certo que o ourives viu prosperar o negócio depois da nova ordenação muni cipal, não o é menos que essa postura deu à Casa Verde uma multidão de inquilinos; pelo que, não se pode defi nir, sem temeridade, o verdadeiro fim do ilustre médico. Quanto à razão determinativa da captura e aposenta ção na Casa Verde de todos quantos usaram do anel, é um dos pontos mais obscuros da história de Itaguai: a opinião mais verossímil é que eles foram recolhidos por andarem a gesticular, à toa, nas ruas, em casa, na igre ja. Ninguém ignora que os doidos gesticulam muito. Em todo caso é uma simples conjetura; de positivo nada há. - Onde é que este homem vai parar? diziam os princi

pais da terra. Ah! se nós tivéssemos apoiado os Canjicas... Um dia de manhã, dia em que a câmara devia dar um grande baile, - a vila inteira ficou abalada com a no tícia de que a própria esposa do alienista fora metida na Casa Verde. Ninguém acreditou; devia ser invenção de al gum gaiato. E não era: era a verdade pura. D. Evarista fora recolhida às duas horas da noite. O padre Lopes correu ao alienista e interrogou-o discretamente acerca do fato.

- Já há algum tempo que eu desconfiava, disse grave mente o marido. A modéstia com que ela vivera em am bos os matrimônios não podia conciliar-se com o furor das sedas, veludos, rendas e pedras preciosas que mani festou, logo que voltou do Rio de Janeiro. Desde então comecei a observá-la. Suas conversas eram todas sobre esses objetos; se eu lhe falava das antigas cortes, inquiria logo da forma dos vestidos das damas; se uma senhora a visitava, na minha ausência, antes de me dizer o objeto da visita, descrevia-me o trajo, aprovando umas coisas e censurando outras. Um dia, creio que Vossa Reverendís sima há de lembrar-se, propôs-se a fazer anualmente um vestido para a imagem de Nossa Senhora da matriz. Tudo isto eram sintomas graves; esta noite, porém, declarou-se a total demência. Tinha escolhido, preparado, enfeitado o vestuário que levaria ao baile da câmara municipal; só hesitava entre um colar de granada e outro de safira. Anteontem perguntou-me qual deles levaria; respondi -lhe que um ou outro lhe ficava bem. Ontem repetiu a pergunta, ao almoço; pouco depois de jantar fui achá-la calada e pensativa. - levar o colar de granada, mas acho o de safira tão boni Que tem? perguntei-lhe. - Queria to! - Pois leve o de safira. - Ah! mas onde fica o de granada? Enfim, passou a tarde sem novidade. Ceamos, e deitamo-nos. Alta noite, seria hora e meia, acordo e não a vejo; levanto-me, vou ao quarto de vestir, acho-a dian te dos dois colares, ensaiando-os ao espelho, ora um, ora outro. Era evidente a demência: recolhi-a logo.

O padre Lopes não se satisfez com a resposta, mas não objetou nada. O alienista, porém, percebeu e explicou-lhe que o caso de D. Evarista era de "mania sumptuária", não incurável, e em todo caso digno de estudo. Conto pô-la boa dentro de seis semanas, concluiu ele. A abnegação do ilustre médico deu-lhe grande real ce. Conjeturas, invenções, desconfianças, tudo caiu por terra, desde que ele não duvidou recolher à Casa Verde a própria mulher, a quem amava com todas as forças da alma. Ninguém mais tinha o direito de resistir-lhe, -me nos ainda o de atribuir-lhe intuitos alheios à ciência."

- GLEDSON, John. "O machete e o violoncelo: introdução a uma antologia dos contos de Machado de Assis" e "A história do Brasil em Papéis avulsos", em Por um novo Machado de Assis. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. pp. 35-69, 70-90. ISBN 978-85-63560-93-3.
- 30 De origem árabe, a palavra indica uma medida de capaci dade equivalente a 31,94 litros.
- Era um grande homem austero, Hipócrates forrado de Catão p.p. 31.
  • "O alicnista" é um dos textos centrais de Machado de Assis, além de ser um dos mais divertidos. É uma chave da sua obra. Foi escrito em 1881 e publicado em onze episódios, entre outubro desse ano e março do ano se guinte. No fim de 1882, apareceu de novo, como conto introdutório de Papéis avulsos, acompanhado de outros textos mais curtos, alguns deles também dos mais céle bres Machado escreveu - "Teoria do medalhão" e que "O espelho", por exemplo. muito engraçado, cheio de personagens cômicos, de episódios e frases memoráveis; mas é também uma obra-prima bastante esquiva, difícil de categorizar - será mesmo um conto? -, tão difícil talvez como o personagem central, Simão Bacamarte, o alienista, o cientista louco que acaba tomando a si mes mo como louco, fechando-se no seu próprio manicomio até implodir, dezessete meses mais tarde. "O alienista" é produto da mesma crise, e do corres pondente surto criativo, que produziu as Memórias pós tumas de Brás Cubas, publicadas em forma de livro no começo de 1881, nove meses antes do nosso conto. Como sabemos, Machado, adoentado, teve que pedir licença do seu posto no Ministério da Agricultura no fim de 1878, * foi convalescer em Nova Friburgo durante três meses, quando teria ditado alguns capítulos de Memórias postu mas à sua mulher."
- 'O alienista"", em Machado e Borges. Porto Alegre: Arqui pélago, 2008. pp. 1-2. ISBN 978-85-63560-93-3.
  • "A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo."
- Capítulo Primeiro
  • "A índole natural da ciência é a longanimidade;"
- Capítulo Primeiro
  • "Mas a ciência tem o inefável dom de curar todas as mágoas;"
- Capítulo Primeiro
  • "A saúde da alma, bradou ele, é a ocupação mais digna do médico."
- Capítulo Primeiro
  • "O principal nesta minha obra da Casa Verde é estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus, classificar-lhe os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal. Este é o mistério do meu coração. Creio que com isto presto um bom serviço à humanidade."
- Capítulo II
  • "- Enfim, passou a tarde sem novidade. Ceamos, e deitamo-nos. Alta noite, seria hora e meia, acordo e não a vejo; levanto-me, vou ao quarto de vestir, acho-a dian te dos dois colares, ensaiando-os ao espelho, ora um, ora outro. Era evidente a demência: recolhi-a logo. O padre Lopes não se satisfez com a resposta, mas não objetou nada. O alienista, porém, percebeu e explicou-lhe que o caso de D. Evarista era de "mania sumptuária", não incurável, e em todo caso digno de estudo. Conto pô-la boa dentro de seis semanas, concluiu ele. A abnegação do ilustre médico deu-lhe grande real ce. Conjeturas, invenções, desconfianças, tudo caiu por terra, desde que ele não duvidou recolher à Casa Verde a própria mulher, a quem amava com todas as forças da alma. Ninguém mais tinha o direito de resistir-lhe, -me nos ainda o de atribuir-lhe intuitos alheios à ciência.;Era um grande homem austero, Hipócrates forrado de Catão.
- Referência ao fato de que em nome da ciência Simão Bacamarte era capaz de sacrificar-se a si mesmo, ou pelo menos de sacrificar a propria esposa.
- BOSI, Alfredo. "A máscara e a fenda", em O enigma do olhar. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. pp. 73-126. ISBN 978-85-63560-93-3
  • "Preso por ter cão, preso por não ter cão."
  • "Verdade é que, se todos os gostos fossem iguais, o que seria do amarelo?"
- Capítulo IV

Outros[editar]

  • "A vida é um livro, no dizer de todos os poetas. Negro para uns, dourado para outros. Nao o tenho negro; mas os parenteses que se me abriu no meio das melhores paginas, esse foi angustioso e sombrio."
- Contos, Série Bom livro, Machado de Assis - página 69, Edição 18, Editora Ática, 2000, ISBN 8508043392, 9788508043392, 134 páginas
  • "O coração é o relógio da vida. Quem não o consulta, anda naturalmente fora do tempo."
- A mão e a luva - Página 100, Machado de Assis - 1922
- Machado de Assis. "A Sereníssima República" in Papéis Avulsos. Martin Claret: São Paulo, 2007. p. 133. ISBN 857232715-0
  • "Francamente, eu não gosto de gente que venha adivinhando e compondo um livro que está sendo escrito com método..."
- Machado de Assis in: Esaú e Jacob (1904), capítulo XXVII
  • "Se quer compor o livro, aqui tem a pena, aqui tem papel, aqui tem um admirador; mas, se quer ler somente, deixe-se estar quieta, vá de linha em linha; dou-lhe que boceje entre doutros capítulos, mas espere o resto, tenha confiança no relator destas aventuras."
- Machado de Assis in: Esaú e Jacó, Capitulo XXVII
- Obras completas - Volume 26 - Página 86, Machado de Assis, ‎Fernando Nery - W.M. Jackson, Incorporated, 1942
  • "Das qualidades necessárias ao jogo de xadrez, duas essenciais: vista pronta e paciência beneditina, qualidades preciosas na vida que também é um xadrez, com seus problemas e partidas, umas ganhas, outras perdidas, outras nulas."
- Machado de Assis, em Iaiá Garcia, capítulo XI
  • "Não se demonstra uma cocada, come-se. Comê-la é defini-la."
- Notas Semanais (1878)
  • "Alguma coisa escapa ao naufrágio das ilusões."
- "Iaiá Garcia, capítulo XVII, última linha; (veja: wikisource)
  • "Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado."
- "A semana: crônicas, 1892-1893"; Por Machado de Assis, John Gledson; Publicado por Editora Hucitec, 1996; ISBN 8527103265, 9788527103268; 359 páginas; página 124
  • "Está morto: podemos elogiá-lo à vontade."
- conto "O empréstimo" (1881)
  • "A melhor definição do amor não vale um beijo."
- "O Espelho"; veja (wikisource)
  • "Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito."
- "Verba testamentária" (1881); veja (wikisource)
  • "Há em todas as coisas um sentido filosófico."
- conto "O empréstimo" (1881)
  • "Palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem mesmo que assim é que a natureza compôs as suas espécies."
- "Primas de Sapucaia!"; veja (wikisource)
  • "A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal."
- "Iaiá Garcia", capítulo III; veja (wikisource)
  • "Basta amar para escolher bem; o diabo que fosse era sempre boa escolha."
- "Memorial de Aires" (1908)
- Machado de Assis in: "Ressurreição", (Capítulo II: Liquidação do ano velho) (1872)

Sobre[editar]

  • "Machado reúne os pré-requisitos da genialidade. Possui exuberância, concisão e uma visão irônica ímpar do mundo. Procuro um grande poeta brasileiro vivo. Até agora não encontrei nenhum."
- Harold Bloom, crítico literário norte-americano, sobre o escritor brasileiro Machado de Assis
- Fonte: Revista Época Edição 246 - 03/02/2003
  • "A cultura brasileira reflete mais a africana do que a americana. Nos E.U.A. temos o Jazz e quase só isso. Não existem figuras como Machado de Assis, um mulato considerado um dos maiores escritores do país."
- John Updike, escritor norte-americano
  • "Achei Machado de Assis excepcionalmente espirituoso, dono de uma perspectiva sofisticada e contemporânea, o que é incomum, já que o livro [Memórias Póstumas de Brás Cubas] foi escrito há tantos anos. Fiquei muito surpreso. É muito sofisticado, divertido, irônico. Alguns dirão: ele é cínico. Eu diria que Machado de Assis é realista."
- Woody Allen, diretor de cinema norte-americano
  • "Esse pequeno representante do pensamento retórico e velho no Brasil é hoje o mais pernicioso enganador, que vai pervertendo a mocidade (...) O autor de Brás Cubas, bolorento pastel literário, assaz o conhecemos por suas obras, e ele está julgado."
- Sílvio Romero, crítico literário brasileiro
  • "Desde a escola, somos condicionados a acreditar que se trata de um grande escritor. Assim, todo mundo repete isso, mesmo sem ter lido uma linha. Eu nunca disse que não gostava de Machado de Assis, mas o considero um escritor de segunda (...)"
- Millôr Fernandes, escritor e dramaturgo brasileiro
- Fonte: Entrevista dado ao Estado de São Paulo em 15/09/2007
  • "A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente."
- "Dom Casmurro" - Página 106, de Machado de Assis, Homero Araújo, Sergius Gonzaga - Publicado por Novo Século, 2001 ISBN 8586880191, 9788586880193 - 214 páginas
  • "Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado".
- "A semana" - Página 134, de Machado de Assis - Publicado por W. M. Jackson, 1938
  • "Há sempre uma qualidade nos contos, que os torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos."
- "Várias Histórias" (veja wikisource)
  • "O tempo, que a tradição mitológica nos pinta com alvas barbas, é pelo contrário um eterno rapagão, rosado, gamenho, pueril; só parece velho àqueles que já o estão; em si mesmo traz a perpétua e versátil juventude. "
- Notas Semanais, Machado de Assis, 1878, 16 de junho
- Obra completa, Volume 1‎ - Página 380, Machado de Assis, editor Afrânio Coutinho, 2a. ed., Editora J. Aguilar, - 1962
  • "O coração humano é a região do inesperado."
- Yayá Garcia‎ - Página 27, Machado de Assis - W. M. Jackson, 1942 - 308 páginas
  • "Lágrimas não são argumentos."
- Obra completa, Volume 2‎ - Página 826, Machado de Assis - J. Aguilar, 1962
  • "... Se V. pretende dedicar-se à literatura o meu conselho é que leia e releia Machado de Assis (...) É o único mestre que temos. Tudo mais perto dele se apaga (...)" SP, 1941
- Monteiro Lobato - Página 248, Lobato Letrador: 1º passo - Zöler Zöler, 2018 - 280 páginas