Maria Lourença Cabecinha

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Maria Lourença Cabecinha
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Maria Lourença Cabecinha (Montemor-o-Novo, 17 de março de 1933 - 7 de janeiro de 2022) foi uma resistente antifascista e militante comunista portuguesa



"(...) no partido comecei com 15 anos (...), logo foi quando eu quis aprender a ler, com o meu pai, aos 12 anos, depois comecei a ler o Avante!, os papelinhos todos que apareciam, O Camponês, adorávamos ler O Camponês, depois líamos as lutas que vinham no camponês, do campo... A gente começava a lutar também, a pedir salários, aumento, foi logo assim."

- Mulheres na Clandestinidade. Vanessa de Almeida, Edições Parsifal, Lisboa, pág. 59, 1ª Edição, Março de 2017.


" As mulheres, naquela fase, só ganhavam metade em relação aos homens. Eu comecei a trabalhar com catorze anos no campo. Depois, comecei a ser militante do partido com quinze anos. Havia uma unidade muito grande de lutar contra um determinado tipo de vida que a gente tinha. Participávamos com os homens nas lutas, se andávamos a ceifar éramos homens e mulheres, se havia uma greve, se havia uma paralisação, as mulheres lá estavam. Se era só mulheres, em trabalhos só de mulheres, azeitona e outras coisas assim, que achávamos que estávamos a ser exploradas demais e muita coisa não estava bem, a gente fazia uma greve, a gente fazia um protesto e, portanto, havia prisões, bastantes."

-Mulheres e Resistência. Novas Cartas Portuguesas e Outras Lutas". Coordenação Rita Rato. Tinta da China, pág. 77, 1ª Edição, Março de 2023.


Sobre a clandestinidade[editar]

"(...) nessa altura tínhamos o receio que todos tinham, o receio de sermos presos de um momento para o outro, mas vivíamos assim, era mesmo porque era necessário vir, eram necessários quadros para o Partido, e foi por essa razão mesmo que nos puseram o problema e a gente esteve de acordo"

- Mulheres na Clandestinidade. Vanessa de Almeida, Edições Parsifal, Lisboa, pág. 71, 1ª Edição, Março de 2017.


"(...) havia camaradas que punham esse problema, como conviver com os vizinhos, como dizer uma coisa que não eram, ou como se fazer passar por uma pessoa que não eram. (...) E houve problemas com algumas camaradas, com algumas casas. Tiveram de sair por haver suspeitas de alguém e a camarada não detetar (...), e havia às vezes respostas ou procedimentos de algumas camaradas que podiam levantar alguma suspeita, mas eu felizmente (...) foi das tarefas que eu fiz que desempenhei muito bem. Arranjava sempre de ter muito boas relações com a vizinhança, sempre tive. (...) Não foi por essa razão que se saiu das casas, tivemos de sair por outras razões, por essa nunca."

- Mulheres na Clandestinidade. Vanessa de Almeida, Edições Parsifal, Lisboa, pág. 120, 1ª Edição, Março de 2017.


Sobre[editar]

" Viveu uma vida de dedicação e de luta. Maria Lourença Cabecinha deixa-nos um testemunho que é exemplo para as novas gerações de comunistas - a luta consequente contra a exploração, contra o fascismo, a luta pela liberdade, pela democracia, pelos ideais de abril, pelo socialismo"

- Declaração do Partido Comunista Português em Morreu Maria Lourença Cabecinha resistente antifascista e militante comunista. Diário de Notícias, Janeiro de 2022.