Lobo da Costa

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Francisco Lobo da Costa (Pelotas, Rio Grande do Sul, no dia 12 de julho de 1853 - 19 de junho de 1888) foi um poeta, jornalista e prosador.



Escuta[editar]

...Pois só no remanso do exilio em que vive,
Teu nome sepulta-se em meu coração,
Não creias os olhos que viram-te um dia,
Que tanto choraram saudosos para tu,
Se ofusque aos raios de olhares estranhos,
Não vendo teus olhos bem juntos de mim!
Não creias, meu anjo, que o peito que pulsa,
Na ausência medonha, choroso, sentido.
Renegue seu ídolo, mal diga o seu culto,
E esqueça as promessas de um sonho querido.
Não creias, criança, que o mundo enganoso
Me aponte venturas, belezas maiores
E a luz mais brilhante que a luz de teus olhos,
Amores mais puros que os nossos amores.
Não creias! não creias que um dia eu te esqueça!
Bem forte cadeias meus pulsos reatam ...
Jamais estes laços de amor se esperança.
E és tu da minha alma suave esperança
Que a ideia da gloria no crâneo me inspira,
Viver de outro afeto...sangras novo culto?
...jurei! meu protesto selei no com prantos
Chorados em noite de ausências sem fim ...
Não há quem me arranque do peito esse afeto
Que és tu sobre a terra senhora de mim ! (...)
("Pelotas, 1876")

A Alguém[editar]

(Jaguarão, 1880.)
Ó não me peças teu nome,
Que fora um crime dizê-lo,
A Deus só basta sabê-lo,
Eu e ele - e mais ninguém.
Ah! que tu mesma ignores
O quanto em ti sonho e cismo.
- Que há entre nós um abismo
Que só Deus sabe-o também.
Quando nas horas sombrias
Da noite Invoco teu vulto,
Por entre as trevas oculto,
Oculto na solidão,
Ainda assim, tremo e suspiro
E tenho fundo receio
Que m'o roubem do meu seio,
Que o vejam no coração.
Pois desde o dia primeiro
Em que te vi... fui cobarde.
Quando busquei-te era tarde
Nadava num mar de horror!
Agora só restam trevas
De um passado já desfeito,
E tu vives no meu peito
Como uma sombra de amor.