Aluísio Azevedo

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Aluísio Azevedo
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Aluísio de Azevedo Cavalcanti de nome Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, (nasceu em São Luiz, Maranhão, Brasil, em 14 de abril de 1857 - faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913) foi um escritor, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro.


Obras[editar]

Uma lágrima de Mulher[editar]

" E que mais é o nosso viver nesta espécie de mundo, senão uma ilusão entre dois nadas: o presente e o futuro? Dois nadas insondáveis e obscuros que fecham uma hipótese, chamada presente. Ontem saudades nebulosas; hoje mentiras e esterilidades; amanhã sonhos mal contornados. Eis a vida!"


Casa de pensão[editar]

(1884)

D. Ângela aproximou-se do retrato, correndo, e soltou logo uma exclamação: — Mas é ele! O meu Amâncio! E começou a rir e a chorar muito perturbada. O velho, meio comovido e meio vexado com aquela expansão em plena Rua do Ouvidor, principiava talvez a arrepender-se de ter sido tão cavalheiro Ângela, quando esta, que estivera até aí a percorrer, como uma doida, outros mostradores, arrancou do peito um formidável grito e caiu de bruços na calçada. Tinha visto seu filho, representado na mesa do necrotério , com o tronco nu, o corpo em sangue. E por debaixo, em, letras garrafais: "Amâncio de Vasconcelos, assassinado por João Coqueiro no Hotel Paris, em tantos de tal.”

FIM

O Cortiço[editar]

(1890)

  • "João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro de Botafogo ;e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagmento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro".
- Primeiro parágrafo do livro, página 5.
  • "Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações(…) A comida arranjava-lhe, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade".
- Segundo parágrafo, idem.
  • "Bertoleza também trabalhava forte; a sua quitanda era a mais bem afreguesada do bairro. De manhã vendia angu, e à noite peixe frio e iscas de fígado.(…) Um dia, porém, o seu homem, depois de correr meia légua, puxando uma carga superior às suas forças, caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado como uma besta".
- Terceiro parágrafo, idem.
  • "Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui. ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era oaroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras, era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso, era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; e/a era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, e muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras, embambecidas pela saudade de terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro da sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbam em tomo da Rita Baiana o espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca."
- Páginas 77-78.

Outras citações:[editar]

" Tudo mais, que aprendemos de ouvido ou que aprendemos nos livros, se evapora com o tempo e desaparece; só essas lições, que nos entraram pelos olhos e nos espalharam nalma as suas raízes, só essas conservaremos por tôda a vida e levaremos conosco para a sepultura."

- Girândola de Amores, capítulo XXIV (veja wikisource)