Afonso Henriques de Lima Barreto

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Afonso Henriques de Lima Barreto
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Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, (Rio de Janeiro, RJ, 13 de maio de 1881 - Rio de Janeiro, RJ, 1 de novembro de 1922), foi um jornalista, escritor brasileiro e militante, foi também autor de manifestos e escritos engajados.


Obras[editar]

Recordações do Escrivão Isaias Caminha[editar]

  • "Ah! Seria doutor! Resgataria o pecado original do meu nascimento humilde, amaciaria o suplício premente, cruciante e onímodo de minha cor... Nas dobras do pergaminho da carta, traria presa a consideração de toda a gente. Seguro de respeito à minha majestade de homem, andaria com ela mais firme pela vida em fora. Não titubearia, não hesitaria, livremente poderia falar, dizer bem alto os pensamentos que se contorciam no meu cérebro (...) Ah! Doutor! Doutor! Andar assim pelas ruas, pelas praças, pelas estradas, pelas salas, recebendo cumprimentos: Doutor, como passou? Como está, doutor? Era sobre-humano.

O Triste fim de Policarpo Quaresma[editar]

  • "Não se sabia onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele algum regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro."
  • "Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a Pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e agora que estava na velhice, como ela o recompensava? Matava-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara."
  • "Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos(...)"
  • "E desse modo ele ia levando a vida, metade na repartição, sem ser compreendido, a outra metade em casa, também sem ser compreendido."
  • "Dessa maneira, Ricardo Coração dos Outros ia gozando da estima geral da alta sociedade suburbana. É uma alta sociedade muito especial, e que só é alta nos subúrios."
  • "É uma mania de seu amigo, senhor Ricardo, esta de só querer cousas nacionais, e a gente tem que ingerir cada droga, chi!"
  • "A todo instante e a toda hora vinha aquele — 'porque, quando você se casar...' — a menina foi se convencedo de que toda a existência só tendia para o casamento. A instrução, as satisfações íntimas, a alegria, tudo isso era inútil; a vida se resumia numa coisa: casar."

Morte de M.J. Gonzaga de Sá[editar]

Clara dos Anjos[editar]

  • "Não somos nada nesta vida."
  • "No dia seguinte, ao passarem os primeiros transeuntes, ele estava morto. E, assim, morreu o pobre e corajoso Antônio da Silva Marramaque, que, aos dezoito anos, no fundo de um "armazém" da roça, sonhara as glórias de Casemiro de Abreu e acabara contínuo de secretaria, e assassinado, devido à grandeza do seu caráter e à sua coragem moral. Não fez versos ou os fez maus; mas, ao seu jeito, foi um herói e um poeta... Que Deus o recompense!"
  • "Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro."
  • "O verdadeiro estado amoroso supõe um estado de semiloucura correspondente, de obsessão, determinando uma desordem emocional que vai da mais intensa alegria até à mais cruciante dor, que dá entusiasmo e abatimento, que encoraja e entibia; que faz esperar e desesperar, isto tudo, quase a um tempo, sem que a causa mude de qualquer forma."

Os Bruzundungas[editar]

  • "Na República da Bruzundanga, nunca houve grande gosto pelas coisas de espírito. A atividade espiritual daquelas terras se limita a alguns doutorados de sabedoria equívoca; entretanto alguns espíritos daquele Fonkim se esforçavam por dar um verniz espiritual à sociedade da terra. Escreviam livros e folhetos, revistas e revistecas de modo que, artificialmente, o país tinha uma certa atividade espiritual."

O Cemitério dos Vivos[editar]

Editora Brasiliense, prefácio de Eugênio Gomes, São Paulo, 1956.

  • "E chegada no mundo-escrevia em 1948- a hora de reformarmos a sociedade, a humanidade, não politicamente, que nada adianta; mas socialmente, que é tudo".
- página 48"


  • "O aparecimento de meu primeiro livro não me deu grande satisfação. Esperava que o atacassem, que me descompusessem e eu, por isso, tendo o dever de revidar, cobraria novas forças; mas tal não se deu; calaram-se uns e os que dele trataram o elogiaram. É inútil dizer que nada pedi", (página 48).
  • " Poderia alongar-me mais na descrição dos doentes que me cercam. Mas a loucura tem tantos pontos de contacto de um individuo para outro, que seria arriscar tornar-me fastidioso se quizesse descrever muitos doentes ", (página 63).
  • "Ôntem, matou-se um doente, enforcando-se. Escrevi nas minhas notas: suicidou-se no pavilhão um doente. O dia está lindo. Se voltar a terceira vez aqui, farei o mesmo. Queira Deus que seja o dia tão belo como o de hoje", (página 69).


  • "Não amei nunca, nem mesmo minha mulher que é morta e pela qual não tenho amor, mas remorso de não tê-la compreendido, mais devido à oclusão muda do meu orgulho intelectual; e tê-la-a amado certamente, se tão estúpido sentimento não tivesse feito passar por mim a única alma e pessoa que me podiam inspirar tão grave pensamento", (página 68).

Outras citações[editar]

- Citado em "O império do grotesco" - Página 151; de Muniz Sodré, Muniz Sodre - Raquel Paiva, Raquel Paiva - Publicado por Mauad Editora Ltda, 2002 ISBN 8574780618, 9788574780610 - 154 páginas
  • "O football é uma escola de violência e brutalidade e não merece nenhuma proteção dos poderes públicos, a menos que estes nos queiram ensinar o assassinato."
-Careta, Rio, 3 de junho de 1922
  • "Tudo tem um limite e o football não goza do privilégio de cousa inteligente."
-Careta, 1 de julho de 1922
  • "(...) estou convencido, como o meu amigo Süssekind, que o sport é o 'primado da ignorância e da imbecilidade'. E acrescento mais: da pretensão. É ler uma crônica esportiva para nos convencermos disso. Os seus autores falam do assunto como se tratassem de saúde pública ou de instrução. Esquecem totalmente da insignificância dele. Um dia destes o chefe de polícia proibiu um encontro de boxe; o cronista censurou asperamente essa autoridade que procedera tão sabiamente, apresentou como único argumento que, em todo o mundo, se permitia tão horripilante cousa. Ora, bolas! Certa vez, o governo não deu não sei que favor aos jogadores de football e um pequenote de um clube qualquer saiu-se de seus cuidados e veio pelos jornais dizer que o football tinha levado longe o nome do Brasil. Risum teneatis?... O meu caro doutor Süssekind pode ficar certo de que, se a minha liga morreu (a Liga Brasileira contra o Football), eu não morri ainda. Combaterei sempre o tal de football."
-Careta, Rio, 8 de abril de 1922
  • "[...] - O senhor ricardo, há de nos desculpas, disse a velha, senhora a pobreza do nosso jantar, Eu lhe quis fazer um frango, com petit-pois, Mas policarpo deixou disse-me que esse tal petit-pois é estrangeiro e que eu o subostituisse por guando. Onde é que se, viu um frango com guarda? se bom, seria uma novidade e n~çao fazia mal experimentar. É uma mania de seu amigo, senhor ricardo, esta de só querer coisas nacionais, e a gente tem que ingerir cada droga".
- (Barreto, lima. triste fim de policarpo queresma. 23. ed. São Paulo: Ática, 1999.p, 22;26;37. ISBN 9788581811949)
  • "[...] Dona maricota apareçeu na frente e falou agastada:[..]"
- (Barreto, lima. triste fim de policarpo queresma. 23. ed. São Paulo: Ática, 1999.p, 19;50-51;91. ISBN 9788581811949)