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Fernando Sabino

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Fernando Tavares Sabino, (Belo Horizonte, 12 de outubro de 1923 - Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2004), foi um escritor e jornalista brasileiro.


  • "No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim."
- Fonte: "No fim dá certo"
  • "O homem disse que tinha de ir embora – antes queria me ensinar uma coisa muito importante:
- Você quer conhecer o segredo de ser um menino feliz para o resto de sua vida?
- Quero – respondi.
O segredo se resume em três palavras, que ele pronunciou com intensidade, mãos nos meus ombros e olhos nos meus olhos: - Pense nos outros."
- Fonte: "O menino no Espelho"
  • "Não confio em produto local. Sempre que viajo levo meu uísque e minha mulher"
- "O tabuleiro de damas" - Página 66, de Fernando Tavares Sabino - Publicado por Record, 1988 - 181 páginas
  • "Os homens se dividem em duas espécies: os que têm medo de viajar de avião e os que fingem que não têm."
- "Deixa o Alfredo falar!" - página 43, Fernando Tavares Sabino - Editora Record, 1976 - 213 páginas

O Encontro Marcado

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Disponível em: marceloguernieri.com.br/Fernando_Sabino_-_O_Encontro_Marcado.pdf

  • "De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro".
  • "Não analisa não!"
  • "(...), passou-se para o Hotel Elite, onde, em vez de quinze, pagava treze mil réis por dia. Com refeições. Um dia encontrou uma formiga no arroz:

— Olha aqui, tem uma formiga no arroz.

— Por este preço o que é que o senhor queria?

Em todo caso, gostou de ser chamado de senhor pelo garçom, um japonês, gostou da ironia do japonês. Por aquele preço, era lógico, era justo, não podia querer que tivesse outra coisa no arroz, senão formigas. Riu sozinho, concluiu que na vida é preciso ter ironia."

  • "Tinha vencido, afinal. Conseguira o que queria. E daí? Esperar, casar, morar, ter filhos, amar, sofrer, esquecer, envelhecer. Oh, viver era tão fácil, tão sem gosto e sem estímulo, o que importava era morrer."
  • "Ficou a olhar Antonieta que, sentada na borda da banheira, se ocupava em raspar os pêlos da perna. Era uma mulher, a sua mulher. Uma bela mulher — dessa beleza que um dia, pela manhã, haveria de desaparecer do rosto sem deixar vestígios. O corpo jovem tinha já certo ar de coisa usada que pode passar por nova e ele de algum modo era responsável por tudo que lhe viria a acontecer: rugas, gordura, disformidade, cabelos brancos, dores no fígado ou no útero, doença, morte. Dela finalmente nasceria o filho, que ainda não se adivinhava — e para isso a mulher fora feita. No mais, era apenas aquilo: um feixe de nervos e carnes em cima dos ossos, um conjunto de glândulas, vísceras, vasos, sangue, humores, tudo coberto de uma pele macia, delicada, boa de se passar a mão..."
  • "Com quem puxar angústia agora? Nascemos para morrer — nada pior do que não ter nascido. A vida tem dessas contradições, dizia o pai. Onde as verdades eternas? O tempo levava tudo, ele não tinha onde se ancorar."
  • "O mundo não é senão o fruto da intimidade de Deus consigo mesmo."
  • "Apanhamos o fruto verde e deixamos que ele apodreça nas nossas mãos."
  • "Tema habitual de Eduardo: o tempo em face da eternidade. Caminhamos para a morte. O futuro se converte, a cada instante, em passado. O presente não existe. Vivemos a morte desde o nascimento.

— Nascemos para morrer.

E ficavam calados, solenizados, angustiados enfim, diante da gravidade do que Eduardo sentenciara."

  • "Para isso vivemos... Nada mais terrível do que não ter nascido! ele dissera um dia. E agora? Agora só a liberdade importava: liberdade de um dia olhar o outro nos olhos e dizer: és tu — reconhecê-lo, identificar-se com ele logo que o encontrasse e enfim se deixar viver numa enfim conquistada disponibilidade, que a vida em si mesmo justificava. O anonimato, por exemplo, era uma antevisão do paraíso — andar desconhecido e livre pelas ruas, ninguém o identificava, (...)"
  • "— É um bom começo saber isso: não ter medo de nada, nem de morrer. Você tem medo da morte? Então desista de uma vez, porque morrer não tem importância — Mário de Andrade morreu e está mais vivo do que eu, do que você. Estou repetindo palavras dele! Tenha medo é dos escorregões. Não escorregue, caia de uma vez. Os medíocres apenas escorregam. Os bons quebram a cabeça. Você é dos bons. Pois vá em frente! Pague seu preço e Deus o ajudará."
  • "Perdera tempo, esquecera os amigos, os livros, a literatura quase de todo abandonada. Sentou-se num banco da Praça, buscou acalmar-se olhando os jardineiros que, indiferentes, aparavam a grama no jardim. Eles, sim, sabiam viver. Nenhuma pressa, nenhuma aflição: obedeciam ao ritmo que lhes era imposto, harmonizavam-se à ordem das coisas ao redor, Era como se ele, apenas ele, excedendo a si mesmo, num movimento brusco saltasse fora da engrenagem e, desgovernado, pudesse ver de longe o mundo pacífico e feliz de que não sabia participar."
  • "(...), vivia sempre recomeçando, não nascera para vencer, mas para encher raia, tirar o terceiro lugar."
  • "Só o silêncio é sincero. O silêncio de uma pessoa dormindo, por exemplo. Como é sincero alguém dormindo! Sincero como uma flor. Imagine se uma flor falasse, que ridículo não seria. Por isso é que eu não gosto de desenho animado. Dormindo é que cada um se revela, por causa do silêncio, ou seja: feito à imagem e semelhança de Deus."
  • "O silêncio é a linguagem de Deus. No princípio era o Verbo, vocês sabem o que é isso? O silêncio, o espantoso silêncio do princípio. Ah! o verbo e o silêncio são a mesma coisa. Que coisa bonita que eu falei, minha Nossa Senhora. É preciso escutar o silêncio, não como um surdo, mas como um cego! O silêncio das coisas tem um sentido. Quem não entende isso não entende nada."
  • "Não tendo outra coisa a fazer, deu mais um balanço em sua vida. Para surpresa sua, apurou um saldo — pelo menos não tinha de que se queixar, como Mauro, Hugo e tantos outros: estava bem de vida. Seus vencimentos na Prefeitura haviam aumentado, com uma pequena comissão nas multas, agora aprovada — por este lado não tinha com que se preocupar. Ainda assim, continuava a escrever artigos semanais, seu nome ia-se tornando conhecido. Térsio ainda aparecia de vez em quando:

— Essa calmaria me assusta um pouco. Eu teria medo...

Antonieta finalmente esperando um filho. Eduardo foi levar a notícia ao Germano. Da última vez que o procurara o velho lhe pedira que se retirasse: “Não posso conversar. Eu hoje estou de mal comigo”. Agora, porém, o recebia com os olhos molhados:

— Sabe Eduardo? Estou chorando por sua causa: essa tristeza antecipada diante das fatalidades que a gente não pode mudar..."

  • "Às onze horas, já alegres, voltavam pela avenida ainda movimentada:

— Ai, Minas Gerais.

Quem te conhece,

Não volta aqui mais."

Ligações externas

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