António Gonçalves Correia: diferenças entre revisões
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* «Mas será isto verdade? Não estarei eu sonhando? Será verdade que este pedaço de terreno sagrado, que o dinheiro da solidariedade humana resgatou, pertence de hoje em diante a um grupo de homens que são irmãos, a umas dúzias de indivíduos que querem ser livres na Terra Livre, a um punhado de seres que detestam a vida irracional das grandes cidades? Será verdade que morreu aqui a árvore maldita da propriedade privada? Será verdade que estes 3 quilómetros benditos vão ser explorados em benefício comum? Será verdade que aqui vai ser a divina cidade da Luz e que além, daqui a 3 mil e tal metros, é a terra das trevas, o sítio do vício, a estrada do crime?» |
* «Mas será isto [[verdade]]? Não estarei eu sonhando? Será verdade que este pedaço de terreno sagrado, que o [[dinheiro]] da [[solidariedade]] humana resgatou, pertence de hoje em diante a um grupo de [[homens]] que são irmãos, a umas dúzias de indivíduos que querem ser livres na Terra Livre, a um punhado de seres que detestam a vida irracional das grandes cidades? Será verdade que morreu aqui a [[árvore]] maldita da propriedade privada? Será verdade que estes 3 quilómetros benditos vão ser explorados em benefício comum? Será verdade que aqui vai ser a divina cidade da Luz e que além, daqui a 3 mil e tal metros, é a [[terra]] das trevas, o sítio do vício, a estrada do [[crime]]?» |
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:- ''Janeiro de 1916 (in ROCHA, Francisco Canais, e LABAREDAS, Maria Rosalina, 1982: pp. 168-69)'' |
:- ''Janeiro de [[1916]] (in ROCHA, Francisco Canais, e LABAREDAS, Maria Rosalina, 1982: pp. 168-69)'' |
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[[Categoria:Pessoas]] |
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Revisão das 18h46min de 14 de fevereiro de 2009
António Gonçalves Correia |
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António Gonçalves Correia em outros projetos: |
António Gonçalves Correia (São Marcos da Ataboeira, Castro Verde, 3 de Agosto de 1886 — Lisboa, 20 de Dezembro de 1967) foi um anarquista, ensaísta, poeta e humanista português.
- «Mas será isto verdade? Não estarei eu sonhando? Será verdade que este pedaço de terreno sagrado, que o dinheiro da solidariedade humana resgatou, pertence de hoje em diante a um grupo de homens que são irmãos, a umas dúzias de indivíduos que querem ser livres na Terra Livre, a um punhado de seres que detestam a vida irracional das grandes cidades? Será verdade que morreu aqui a árvore maldita da propriedade privada? Será verdade que estes 3 quilómetros benditos vão ser explorados em benefício comum? Será verdade que aqui vai ser a divina cidade da Luz e que além, daqui a 3 mil e tal metros, é a terra das trevas, o sítio do vício, a estrada do crime?»
- - Janeiro de 1916 (in ROCHA, Francisco Canais, e LABAREDAS, Maria Rosalina, 1982: pp. 168-69)
«Contraste
Ao ver-te assim, esplendorosa,
Toda risonha e gentil,
De caracóis reluzentes,
Comparei-te a uma rosa
Em pleno e formoso Abril.
Mas a teu lado, mulher,
Vi uma criancinha
Toda rota e esfarrapada,
Filha dum pobre qualquer.
E pensei então o que tinha,
Ante a triste abandonada,
O dever de lutar sempre
A favor da criancinha
Toda rota e esfarrapada!»