Fluminense Football Club: diferenças entre revisões

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Revisão das 01h45min de 8 de janeiro de 2008

"A Grande Guerra seria apenas a paisagem, apenas o fundo das nossas botinadas. Enquanto morria um mundo e começava outro, eu só via o Fluminense". (Nelson Rodrigues)

"O Fluminense foi a minha vida. Lá eu joguei por toda a minha carreira. Na época, eu jogava com amor". (Telê Santana)

"Fluminense pra mim é a minha paixão, é a minha vida. Fluminense pra mim é segunda família. Enquanto joguei pelo tricolor, cheguei a seleção brasileira numa idade avançada e consegui ser tricampeão carioca e campeão brasileiro. Eu agradeço a Deus por ter jogado no Fluminense."(Assis)

“Aonde eu vou digo que a torcida do Fluminense é a melhor do mundo". (Romerito)

"Eu nem sabia falar direito e o Fluminense já estava dentro de mim, do meu corpo, do meu coração. O Fluminense é a minha vida, uma paixão muito difícil de explicar". (João Coelho Neto, o Preguinho) “Aceito esse desafio pelo Fluminense. Sua grandeza, seu real propósito de se reorganizar, de comprovar que não há qualquer mácula na história em chegar a essa condição desde que haja espírito para lutar e melhorar. Não faria isso por mais clube algum” (Parreira, ao aceitar ser técnico do Flu na terceira divisão)

"Pode-se identificar um Tricolor entre milhares, entre milhões. Ele se destingue dos demais por uma irradiação específica e deslumbradora." (Nelson Rodrigues)

"Eu ficava por conta da vida quando perdia jogo. Não brincava, não saia, não tinha nada que me fizesse alegria. O Fluminense era a minha paixão". (Telê Santana)

“Ao dar a volta olímpica, pensei em todos torcedores tricolores e senti uma emoção cuja intensidade tão grande só pode ser compreendida por quem tem o Fluminense no coração”. (Paulo Victor, sobre a conquista do brasileiro de 84)

“Se quereis saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória". (Nélson Rodrigues)

"O Fluminense não nasceu para ser unanimidade nem massa de manobra do interesse demagógico das elites opressoras. O Fluminense nasceu para atravessar a harmonia do bloco dos contentes. Nasceu para incomodar o senso comum. Essa é a nossa sina". (A.D)

"O Fluminense independe de conquistas, o Fluminense está entre o ser e o devir, o Fluminense é o ser. É Fluminense e basta”. (Sidney Garambone, jornalista)

"Nas situações de rotina, um `pó-de-arroz' pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas." (Nelson Rodrigues)

"Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos" (Nelson Rodrigues) "Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão." (Nelson Rodrigues)

"A mais perfeita organização desportiva de todo o mundo" (Jules Rimet, então presidente da FIFA, sobre o Fluminense)

"Ser tricolor não é uma questão de gosto ou opção, mas um acontecimento de fundo metafísico, um arranjo cósmico ao qual não se pode - e nem se deseja - fugir." (Nelson Rodrigues)

"Se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar" (Nelson Rodrigues)

"'Você é químico?' Não, sou Fluminense, respondi de pronto ao ser abordado por um vizinho que me viu brincando com alguns líquidos de diversas cores. Eu tinha apenas três anos de idade, mas com uma convicção clubística anterior ao meu nascimento, e, quem sabe, anterior ao útero materno". (Nelson Rodrigues Filho)

A ÚLTIMA CRÔNICA - Nelson Rodrigues, Filho Dezembro de 1980. O Velho caminhava para a morte. Uma caminhada suave por conta de uma falência orgânica que começou pelos pulmões, desde os anos 30, e que foi se estendendo a outros órgãos, principalmente ao coração. Já ficara em coma, em São Paulo, por cerca de 20 dias, em 1974. Os médicos haviam se conformado com a irreversibilidade do processo quando seu cardiologista e amigo Stans Murad resolveu trazê-lo assim mesmo para o Rio de Janeiro, Beneficência Portuguesa. Ocorreu o milagre e, sem mais nem menos, ele abriu os olhos voltando à vida. Em 1980, a situação havia se agravado de tal forma que se lia nos olhos dos médicos uma contagem regressiva, que, logo em seguida, se mostrou inexorável. O Velho havia sido proibido de assistir e ouvir os jogos de futebol, pricipalmente os do Fluminense. Não podia se emocionar. A lucidez total não era uma constante durante o dia, até porque tomava muitos remédios que refletiam diretamente em sua cabeça. Ainda assim, acompanhava tudo o que ocorria no mundo e sabia da partida final do Fluminense contra o Vasco. Decidi não ir ao jogo para ficar com ele que, com certeza, estaria bsatante excitado e, apesar da proibição, iria procurar um radinho de pilha. Acertei em cheio. Combinamos que, obedecendo ao dr.Murad, eu ouviria o jogo e iria lhe contando como estava indo. Entre minpusculas sonecas ele dava vazão à sua incrível curiosidade. "E aí, Nelsinho, como vamos?" Como sua noção do tempo estava diminuida, resolvi administrar meus comentários. Dizia que a partida estava equilibrada e que o Fluminense vinha bem. Eu andava pela casa emocionado, sabendo que não poderia mentir no caso de uma derrota tricolor. E o medo que isso viesse a ocorrer? Acabou o primeiro tempo e o 0x0 temperou nossa conversa de intervalo, eu me pautando pela discrição. Recomeçou o jogo com o equilíbrio mantido, mas o Edinho fez o gol do título, de falta. Enxugando as lágrimas, preferi ir dizendo que o Fluminense melhorava para evitar a possibilidade de uma frustração posterior. Não conseguia ficar perto dele, pois choraria as famosas lágrimas de esguicho. Voltei a andar pela casa torcendo com todas as minhas forças, ainda que super contido, para o jogo terminar. Acabou. O Fluminense era campeão. Faltava dizer ao Velho e, fundamentalmente, como dizê-lo. Aos poucos, fui criando o clima que me parecia correto para a grande notícia. Finalmente cheguei ao gol e ainda demorei um pouco para que a partida “terminasse”. Sua euforia contrastava visceralmente com suas forças. Ainda que proibido de trabalhar, escrever, puxar pela cabeça, insistiu em ir à máquina. Uma luz incontrolável o arremetia para a crônica. Como costumava fazer, interpretava alguns momentos. Porém, a dificuldade era enorme. Fui ver o que escrevia e ele, simplesmente, errava as linhas do teclado. Não saía uma palavra inteligível. A um tempo triste, era um espetáculo maravilhoso assistir àquele esforço hercúleo. “Não posso deixar de escrever”, repetia. Então combinamos que eu ia para a máquina catar meus milhos e ele ia ditando. Ainda assim, foi extremamente difícil sair uma crônica. Sua cabeça não lhe correspondia. Precisávamos tentar várias palavras para dar nexo às frases. Custou, mas saiu. Sua última crônica, lutando contra gigantescas forças de seus remédios, veio à tona. Com certeza está longe de ter sido a melhor. As grandes metáforas, as frases retumbantes não puderam aflorar. No entanto, seu último momento como cronista esportivo ficou marcado, mais do que sempre, pela férrea determinação que norteou uma vida em que a morte foi sua vizinha constante. Aquela força, aquela luz só tinha uma explicação: a paixão lancinante pelo seu Fluminense. FLUMINENSE CAMPEÃO DEMAIS - Nelson Rodrigues Amigos, em futebol, nunca houve uma vitória improvisada. Tem sido assim através dos tempos. Foi uma doce e santa vitória. Vocês viram como aconteceu o nosso triunfo. Foi uma tarde maravilhosa. Tudo começou há seis mil anos atrás. Vocês compreenderam? Podia ser o Flamengo, o Botafogo, o Vasco ou outro, mas estava escrito que a arrancada era tricolor. Há quarenta anos antes do nada, Nelsinho foi chamado. E foi tão fulminante sua presença no túnel tricolor que merecia ser carregado com uma maçã na boca. Amigos, os idiotas da objetividade custaram a perceber a evidência ululante, segundo a qual seríamos campeões. Eu lhes falei do Roberto Arruda. Pois o Arruda desde o primeiro jogo do campeonato me procurou dizendo: - “Seremos Campeões”. E neste domingo o Arruda telefonou para dizer uma única e escassa frase: - “Ninguém nos tira a vitória”. E desde o primeiro momento do jogo, ficou claro que a vitória era tricolor. Foi 1x0 mas poderia ser dois ou três. O Edinho fez o gol e o Fluminense em vez de recuar para garantir o resultado partiu pra cima do Vasco como um leão faminto de mais gols. E vocês viram: nosso adversário não pôde esboçar a menor reação. Gostaria de falar dos campeões. O Fluminense tem um elenco fabuloso do goleiro ao ponta-esquerda, e só os lorpas e pascácios não vêem que o futebol brasileiro está encarnado nos craques tricolores.

O Globo, 2/12/1980