Afonso Henriques de Lima Barreto: diferenças entre revisões

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[[w:Afonso Henriques de Lima Barreto|'''Afonso Henriques de Lima Barreto''']], ''conhecido como '''Lima Barreto''', (Rio de Janeiro, RJ, 1881 - Rio de Janeiro, RJ, 1922), jornalista , [[escrita|escritor]] [[brasil]]eiro'' e militante, foi também autor de manifestos e escritos engajados.
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[[w:Afonso Henriques de Lima Barreto|'''Afonso Henriques de Lima Barreto''']], ''conhecido como '''Lima Barreto''', (Rio de Janeiro, RJ, 1881 - Rio de Janeiro, RJ, 1922), jornalista e [[escrita|escritor]] [[brasil]]eiro''.
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==Obras==
* "O Brasil não tem [[povo]], tem [[público]]."
===Recordações do Escrivão Isaias Caminha===


* "Ah! Seria doutor! Resgataria o pecado original do meu nascimento humilde, amaciaria o suplício premente, cruciante e onímodo de minha cor... Nas dobras do pergaminho da carta, traria presa a consideração de toda a gente. Seguro de respeito à minha majestade de [[homem]], andaria com ela mais firme pela vida em fora. Não titubearia, ,não hesitaria, livremente poderia falar, dizer bem alto os pensamentos que se contorciam no meu cérebro (...) Ah! Doutor! Doutor! Andar assim pelas ruas, pelas praças, pelas estradas, pelas salas, recebendo cumprimentos: Doutor, como passou? Como está, doutor? Era sobre-humano.
* "Não somos nada nesta [[vida]]."
:-''[[Clara dos Anjos]]''



* "Na República da Bruzundanga, nunca houve grande gosto pelas coisas de [[espírito]]. A atividade espiritual daquelas terras se limita a alguns doutorados de sabedoria equívoca; entretanto alguns espíritos daquele Fonkim se esforçavam por dar um verniz espiritual à [[sociedade]] da terra. Escreviam [[livro]]s e folhetos, [[revista]]s e revistecas de modo que, artificialmente, o país tinha uma certa atividade espiritual."
===O Triste fim de Policarpo Quaresma===
:-''[[Os Bruzundangas]]''


* "Não se sabia onde nascera, mas não fora decerto em [[São Paulo]], nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele algum regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro."
* "Não se sabia onde nascera, mas não fora decerto em [[São Paulo]], nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele algum regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro."

:-''[[Triste Fim de Policarpo Quaresma]]''


* "Iria [[morte|morrer]], quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a Pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para sua [[felicidade]] e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e agora que estava na [[velhice]], como ela o recompensava? Matava-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua [[tristeza]] necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara."
* "Iria [[morte|morrer]], quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a Pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para sua [[felicidade]] e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e agora que estava na [[velhice]], como ela o recompensava? Matava-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua [[tristeza]] necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara."
:-''Triste Fim de Policarpo Quaresma''



* "Ah! Seria doutor! Resgataria o pecado original do meu nascimento humilde, amaciaria o suplício premente, cruciante e onímodo de minha cor... Nas dobras do pergaminho da carta, traria presa a consideração de toda a gente. Seguro de respeito à minha majestade de [[homem]], andaria com ela mais firme pela vida em fora. Não titubearia, ,não hesitaria, livremente poderia falar, dizer bem alto os pensamentos que se contorciam no meu cérebro (...) Ah! Doutor! Doutor! Andar assim pelas ruas, pelas praças, pelas estradas, pelas salas, recebendo cumprimentos: Doutor, como passou? Como está, doutor? Era sobre-humano.

:- ''[[Recordações do Escrivão Isaías Caminha]].''
===Morte de M.J. Gonzaga de Sá===



=== Clara dos Anjos===

* "Não somos nada nesta [[vida]]."


===Os Bruzundungas===

* "Na República da Bruzundanga, nunca houve grande gosto pelas coisas de [[espírito]]. A atividade espiritual daquelas terras se limita a alguns doutorados de sabedoria equívoca; entretanto alguns espíritos daquele Fonkim se esforçavam por dar um verniz espiritual à [[sociedade]] da terra. Escreviam [[livro]]s e folhetos, [[revista]]s e revistecas de modo que, artificialmente, o país tinha uma certa atividade espiritual."


===O Cemitério dos Vivos===

Editora Brasiliense, prefácio de Eugênio Gomes, São Paulo, 1956.

* "E chegada no mundo-escrevia em 1948- a hora de reformarmos a sociedade, a humanidade, não politicamente, que nada adianta;mas socialmente, que é tudo", (página 48).

* "O aparecimento de meu primeiro livro não me deu grande satisfação. Esperava que o atacassem , que me descompusessem e eu, por isso, tendo o dever de revidar, cobraria novas forças ; mas tal não se deu ; calaram-se uns e os que dele trataram o elogiaram.É inútil dizer que nada pedi", (página 48).


* " Poderia alongar-me mais na descrição dos doentes que me cercam. Mas a loucura tem tantos pontos de contacto de um individuo para outro, que seria arriscar tornar-me fastidioso se quizesse descrever muitos doentes ", (página 63).


* "Ôntem, matou-se um doente, enforcando-se. Escrevi nas minhas notas :suicidou-se no pavilhão um doente. O dia está lindo. Se voltar a terceira vez aqui, farei o mesmo.Queira Deus que seja o dia tão belo como o de hoje", (página 69).

*"Não amei nunca, nem mesmo minha mulher que é morta e pela qual não tenho amor, mas remorso de não tê-la compreendido, mais devido à oclusão muda do meu orgulho intelectual; e tê-la-a amado certamente, se tão estúpido sentimento não tivesse feito passar por mim a única alma e pessoa que me podiam inspirar tão grave pensamento", (página 68).

===Outras citações===
* "O Brasil não tem [[povo]], tem [[público]]."


* "O ''football'' é uma escola de [[violência]] e brutalidade e não merece nenhuma proteção dos poderes públicos, a menos que estes nos queiram ensinar o assassinato."
* "O ''football'' é uma escola de [[violência]] e brutalidade e não merece nenhuma proteção dos poderes públicos, a menos que estes nos queiram ensinar o assassinato."
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* "(...) estou convencido, como o meu amigo Süssekind, que o ''[[esporte|sport]]'' é o 'primado da ignorância e da imbecilidade'. E acrescento mais: da pretensão. É ler uma crônica esportiva para nos convencermos disso. Os seus autores falam do assunto como se tratassem de [[saúde]] pública ou de instrução. Esquecem totalmente da insignificância dele. Um dia destes o chefe de polícia proibiu um encontro de boxe; o cronista censurou asperamente essa autoridade que procedera tão sabiamente, apresentou como único argumento que, em todo o mundo, se permitia tão horripilante cousa. Ora, bolas! Certa vez, o governo não deu não sei que favor aos jogadores de ''football'' e um pequenote de um clube qualquer saiu-se de seus cuidados e veio pelos jornais dizer que o ''football'' tinha levado longe o nome do Brasil. Risum teneatis?... O meu caro doutor Süssekind pode ficar certo de que, se a minha liga morreu (a Liga Brasileira contra o Football), eu não morri ainda. Combaterei sempre o tal de ''football''."
* "(...) estou convencido, como o meu amigo Süssekind, que o ''[[esporte|sport]]'' é o 'primado da ignorância e da imbecilidade'. E acrescento mais: da pretensão. É ler uma crônica esportiva para nos convencermos disso. Os seus autores falam do assunto como se tratassem de [[saúde]] pública ou de instrução. Esquecem totalmente da insignificância dele. Um dia destes o chefe de polícia proibiu um encontro de boxe; o cronista censurou asperamente essa autoridade que procedera tão sabiamente, apresentou como único argumento que, em todo o mundo, se permitia tão horripilante cousa. Ora, bolas! Certa vez, o governo não deu não sei que favor aos jogadores de ''football'' e um pequenote de um clube qualquer saiu-se de seus cuidados e veio pelos jornais dizer que o ''football'' tinha levado longe o nome do Brasil. Risum teneatis?... O meu caro doutor Süssekind pode ficar certo de que, se a minha liga morreu (a Liga Brasileira contra o Football), eu não morri ainda. Combaterei sempre o tal de ''football''."
:-''Careta, Rio, 8 de abril de 1922''
:-''Careta, Rio, 8 de abril de 1922''

* "E chegada no mundo-escrevia em 1948- a hora de reformarmos a sociedade, a humanidade, não politicamente, que nada adianta;mas socialmente, que é tudo."
:- ''[[O Cemitério dos Vivos]]'', prefacio de Eugênio Gomes, Editora Brasiliense,pagina 10, São Paulo, 1956.

* "O aparecimento de meu primeiro livro não me deu grande satisfação. Esperava que o atacassem , que me descompusessem e eu, por isso, tendo o dever de revidar, cobraria novas forças ; mas tal não se deu ; calaram-se uns e os que dele trataram o elogiaram.É inútil dizer que nada pedi. "
:- ''O Cemitério dos Vivos'', pagina 48.

* " Poderia alongar-me mais na descrição dos doentes que me cercam. Mas a loucura tem tantos pontos de contacto de um individuo para outro, que seria arriscar tornar-me fastidioso se quizesse descrever muitos doentes. "
:- ''O Cemitério dos Vivos'', pagina 63.

* "Ôntem, matou-se um doente, enforcando-se. Escrevi nas minhas notas :suicidou-se no pavilhão um doente. O dia está lindo. Se voltar a terceira vez aqui, farei o mesmo.Queira Deus que seja o dia tão belo como o de hoje. "
:- ''O Cemitério dos Vivos'', pagina 69.

*"Não amei nunca, nem mesmo minha mulher que é morta e pela qual não tenho amor, mas remorso de não tê-la compreendido, mais devido à oclusão muda do meu orgulho intelectual; e tê-la-a amado certamente, se tão estúpido sentimento não tivesse feito passar por mim a única alma e pessoa que me podiam inspirar tão grave pensamento. "
:- ''O Cemitério dos Vivos'', pagina 68.




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Revisão das 15h55min de 30 de dezembro de 2007

Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, (Rio de Janeiro, RJ, 1881 - Rio de Janeiro, RJ, 1922), jornalista , escritor brasileiro e militante, foi também autor de manifestos e escritos engajados.


Obras

Recordações do Escrivão Isaias Caminha

  • "Ah! Seria doutor! Resgataria o pecado original do meu nascimento humilde, amaciaria o suplício premente, cruciante e onímodo de minha cor... Nas dobras do pergaminho da carta, traria presa a consideração de toda a gente. Seguro de respeito à minha majestade de homem, andaria com ela mais firme pela vida em fora. Não titubearia, ,não hesitaria, livremente poderia falar, dizer bem alto os pensamentos que se contorciam no meu cérebro (...) Ah! Doutor! Doutor! Andar assim pelas ruas, pelas praças, pelas estradas, pelas salas, recebendo cumprimentos: Doutor, como passou? Como está, doutor? Era sobre-humano.


O Triste fim de Policarpo Quaresma

  • "Não se sabia onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele algum regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro."


  • "Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a Pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e agora que estava na velhice, como ela o recompensava? Matava-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara."


Morte de M.J. Gonzaga de Sá

Clara dos Anjos

  • "Não somos nada nesta vida."


Os Bruzundungas

  • "Na República da Bruzundanga, nunca houve grande gosto pelas coisas de espírito. A atividade espiritual daquelas terras se limita a alguns doutorados de sabedoria equívoca; entretanto alguns espíritos daquele Fonkim se esforçavam por dar um verniz espiritual à sociedade da terra. Escreviam livros e folhetos, revistas e revistecas de modo que, artificialmente, o país tinha uma certa atividade espiritual."


O Cemitério dos Vivos

Editora Brasiliense, prefácio de Eugênio Gomes, São Paulo, 1956.

  • "E chegada no mundo-escrevia em 1948- a hora de reformarmos a sociedade, a humanidade, não politicamente, que nada adianta;mas socialmente, que é tudo", (página 48).


  • "O aparecimento de meu primeiro livro não me deu grande satisfação. Esperava que o atacassem , que me descompusessem e eu, por isso, tendo o dever de revidar, cobraria novas forças ; mas tal não se deu ; calaram-se uns e os que dele trataram o elogiaram.É inútil dizer que nada pedi", (página 48).


  • " Poderia alongar-me mais na descrição dos doentes que me cercam. Mas a loucura tem tantos pontos de contacto de um individuo para outro, que seria arriscar tornar-me fastidioso se quizesse descrever muitos doentes ", (página 63).


  • "Ôntem, matou-se um doente, enforcando-se. Escrevi nas minhas notas :suicidou-se no pavilhão um doente. O dia está lindo. Se voltar a terceira vez aqui, farei o mesmo.Queira Deus que seja o dia tão belo como o de hoje", (página 69).


  • "Não amei nunca, nem mesmo minha mulher que é morta e pela qual não tenho amor, mas remorso de não tê-la compreendido, mais devido à oclusão muda do meu orgulho intelectual; e tê-la-a amado certamente, se tão estúpido sentimento não tivesse feito passar por mim a única alma e pessoa que me podiam inspirar tão grave pensamento", (página 68).

Outras citações

  • "O football é uma escola de violência e brutalidade e não merece nenhuma proteção dos poderes públicos, a menos que estes nos queiram ensinar o assassinato."
-Careta, Rio, 3 de junho de 1922
  • "Tudo tem um limite e o football não goza do privilégio de cousa inteligente."
-Careta, 1 de julho de 1922
  • "(...) estou convencido, como o meu amigo Süssekind, que o sport é o 'primado da ignorância e da imbecilidade'. E acrescento mais: da pretensão. É ler uma crônica esportiva para nos convencermos disso. Os seus autores falam do assunto como se tratassem de saúde pública ou de instrução. Esquecem totalmente da insignificância dele. Um dia destes o chefe de polícia proibiu um encontro de boxe; o cronista censurou asperamente essa autoridade que procedera tão sabiamente, apresentou como único argumento que, em todo o mundo, se permitia tão horripilante cousa. Ora, bolas! Certa vez, o governo não deu não sei que favor aos jogadores de football e um pequenote de um clube qualquer saiu-se de seus cuidados e veio pelos jornais dizer que o football tinha levado longe o nome do Brasil. Risum teneatis?... O meu caro doutor Süssekind pode ficar certo de que, se a minha liga morreu (a Liga Brasileira contra o Football), eu não morri ainda. Combaterei sempre o tal de football."
-Careta, Rio, 8 de abril de 1922


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