Adélia Prado: diferenças entre revisões

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*"Sofria palpitação e tonteira, lembro dela caindo na beira do tanque, o vulto dobrado em arco, gente afobada em volta, cheiro de alcanfor."
*"Sofria palpitação e tonteira, lembro dela caindo na beira do tanque, o vulto dobrado em arco, gente afobada em volta, cheiro de alcanfor."


==Sobre==
=='''Com licença poética'''==

:Quando nasci um anjo esbelto,
:desses que tocam trombeta, anunciou:
:vai carregar bandeira.
:Cargo muito pesado pra mulher,
:esta espécie ainda envergonhada.
:Aceito os subterfúgios que me cabem,
:sem precisar mentir.
:Não tão feia que não possa casar,
:acho o Rio de Janeiro uma beleza e
:ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
:Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
:Inauguro linhagens, fundo reinos
:(dor não é amargura).
:Minha tristeza não tem pedigree,
:já a minha vontade de alegria,
:sua raiz vai ao meu mil avô.
:Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
:Mulher é desdobrável. Eu sou.


=='''Dia'''==

:As galinhas com susto abrem o bico
:e param daquele jeito imóvel
:- ia dizer imoral –
:as barbelas e as cristas envermelhadas,
:só as artérias palpitando no pescoço.
:Uma mulher espantada com sexo:
:mas gostando muito.


=='''Exausto'''==

:Eu quero uma licença de dormir,
:perdão pra descansar horas a fio,
:sem ao menos sonhar
:a leve palha de um pequeno sonho.
:Quero o que antes da vida
:foi o sono profundo das espécies,
:a graça de um estado.
:Semente.
:Muito mais que raízes.
::- ''(in "Bagagem" São Paulo: Ed.Siciliano, 1993)''


=='''Ensinamento''' ==

:Minha mãe achava estudo
:a coisa mais fina do mundo.
:Não é.
:A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
:Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
:ela falou comigo:
:"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
:Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
:Não me falou em amor.
:Essa palavra de luxo.


*"Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis"
:-''[[Carlos Drummond de Andrade]]''


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Revisão das 19h36min de 7 de julho de 2006

Adélia Luzia Prado Freitas (nasceu dia 13 de dezembro de 1935, em Divinópolis, Minas Gerais, Brasil); professora e escritora.


  • "Sofria palpitação e tonteira, lembro dela caindo na beira do tanque, o vulto dobrado em arco, gente afobada em volta, cheiro de alcanfor."

Sobre

  • "Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis"
-Carlos Drummond de Andrade
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