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* ''Arma virumque cano, Troiae qui primus ab oris<br />Italiam fato profugus Laviniaque venit<br />Litora, multum ille et terris iactatus et alto<br />Vi superum, saevae memorem Iunonis ob iram.'' |
* ''Arma virumque cano, Troiae qui primus ab oris<br />Italiam fato profugus Laviniaque venit<br />Litora, multum ille et terris iactatus et alto<br />Vi superum, saevae memorem Iunonis ob iram.'' |
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** '''As armas e o [[w:Eneias|varão]] canto''', piedoso,<br />Que primeiro de Tróia desterrado<br />A Itália trouxe o Fado poderoso,<br />E às praias de Lavino veio armado;<br />Aquele que, no golfo tempestuoso<br />E nas terras, foi muito contrastado,<br />Por violência dos Deuses e excessiva<br />Lembrada ira de Juno vingativa. |
** '''As armas e o [[w:Eneias|varão]] canto''', piedoso,<br />Que primeiro de Tróia desterrado<br />A Itália trouxe o Fado poderoso,<br />E às praias de Lavino veio armado;<br />Aquele que, no golfo tempestuoso<br />E nas terras, foi muito contrastado,<br />Por violência dos Deuses e excessiva<br />Lembrada ira de Juno vingativa. |
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** Raros no vasto mar se vêem nadando. |
** Raros no vasto mar se vêem nadando. |
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** Livro I, verso 118 |
** Livro I, verso 118 |
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* ''Furor arma ministrat.'' |
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** Dá-lhe armas o furor. |
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** Livro I, verso 150 |
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* ''O socii—neque enim ignari sumus ante malorum—<br />O passi graviora, dabit deus his quoque finem.'' |
* ''O socii—neque enim ignari sumus ante malorum—<br />O passi graviora, dabit deus his quoque finem.'' |
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* ''Revocate animos, maestumque timorem<br />Mittite: forsan et haec olim meminisse iuvabit.'' |
* ''Revocate animos, maestumque timorem<br />Mittite: forsan et haec olim meminisse iuvabit.'' |
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** Tende ânimo, e esse peito, traspassado<br />De temor, confortai, e estai constantes,<br />Que, por dita, '''algum dia esta memória<br />Vos será de mor lustre, e de mor memória.''' |
** Tende ânimo, e esse peito, traspassado<br />De temor, confortai, e estai constantes,<br />Que, por dita, '''algum dia esta memória<br />Vos será de mor lustre, e de mor memória.''' |
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** Livro I, |
** Livro I, versos 202–203 |
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* ''Talia voce refert, curisque ingentibus aeger<br />Spem vultu simulat, premit altum corde dolorem.'' |
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** Tais palavras tirou do experto peito,<br />E de grandes cuidados combatido,<br />CO rosto alegre e com sereno aspeito<br />Dissimula o que n'alma tem metido. |
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** Livro I, versos 208–209 |
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* ''Lacrimis oculos suffusa nitentis.'' |
* ''Lacrimis oculos suffusa nitentis.'' |
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** banhando de mimosa<br />Em lágrimas os olhos cristalinos. |
** banhando de mimosa<br />Em lágrimas os olhos cristalinos. |
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** Livro I, verso 228 (sobre [[w:Vênus (mitologia)|Vénus]]) |
** Livro I, verso 228 (sobre [[w:Vênus (mitologia)|Vénus]]) |
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* ''O Dea certe.'' |
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** Oh certamente Deusa! |
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** Livro I, verso 328 |
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* ''Data fata secutus.'' |
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** Seguimos os Fados concedidos. |
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** Livro I, verso 382 |
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* ''Dixit et avertens rosea cervice refulsit,<br />Ambrosiaeque comae divinum vertice odorem<br />Spiravere; pedes vestis defluxit ad imos,<br />Et vera incessu patuit dea.'' |
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** Disse, e, voltando as costas mui ligeira,<br />Resplandeceu com a cerviz rosada,<br />E derramou de ambrósia a cabeleira<br />Uma suavidade desusada:<br />O vestido até a parte derradeira<br />Dos pés caiu, e logo foi julgada<br />No andar certo por deusa. |
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** Livro I, versos 402–405 |
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* ''Mirabile dictu.'' |
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** Coisa admirável! |
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** Livro I, verso 439 |
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* ''Sunt lacrimae rerum et mentem mortalia tangunt.'' |
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** Vê-se o pranto de nossa desventura,<br />Que a todos move um mal desmedido. |
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** Livro I, verso 462<!--. Tradução de Odorico Mendes: "Dói mágoa alheia, e remanesce o pranto".--> |
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* ''Illa pharetram fert umero,<br />Gradiensque deas supereminet omnes.'' |
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** Ao ombro leva a aljava e, caminhando,<br />Vence a todos no corpo e formosura. |
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** Livro I, versos 500–501 |
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* ''Si genus humanum et mortalia temnitis arma,<br />At sperate deos memores fandi atque nefandi.'' |
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** Se desprezais as armas dos humanos,<br />Temer deveis aos deuses soberanos. |
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** Livro I, versos 542–543 |
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* ''Lumenque iuventae / purpureum.'' |
* ''Lumenque iuventae / purpureum.'' |
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** A luz púrpura da juventude. |
** A luz púrpura da juventude. |
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** Livro I, versos |
** Livro I, versos 590–591 (tradução livre) |
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* ''Mens sibi conscia recti.'' |
* ''Mens sibi conscia recti.'' |
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* ''Non ignara mali miseris succurrere disco.'' |
* ''Non ignara mali miseris succurrere disco.'' |
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** Sei cos miseráveis ser clemente<br />Porque aos males estou acostumada. |
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** Livro I, verso 630 ([[w:Dido|Dido]]) |
** Livro I, verso 630 ([[w:Dido|Dido]]) |
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Revisão das 12h08min de 30 de março de 2017
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Publius Vergilius Maro (15 de Outubro de 70 a.C. - 21 de Setembro de 19 a.C.), também conhecido como Virgílio ou Vergílio em português, foi um poeta romano.
Éclogas (37 a.C.)
- O formose puer, nimium ne crede colori.
- Oh formoso rapaz, não confies demasiado na tua beleza.
- Livro II, verso 17
- Latet anguis in herba.
- Uma serpente está escondida na erva.
- Livro III, verso 93
- Nunc scio quid sit Amor.
- Agora sei o que é o Amor!
- Livro VIII, verso 43
- Non omnia possumus omnes.
- Todos nós não podemos tudo.
- Livro VIII, verso 63
- Omnia fert aetas, animum quoque.
- O tempo leva tudo, mesmo as nossas mentes.
- Livro IX, verso 51
- Cantantes licet usque (minus via laedit) eamus.
- Cantemos enquanto caminhamos: a estrada será menos cansativa.
- Livro IX, verso 64
- Omnia vincit Amor; et nos cedamus Amori.
- O amor vence tudo; cedamos também nós ao amor.
- Livro X, verso 69
Geórgicas (29 a.C.)
- Ut varias usus meditando extunderet artis / paulatim.
- A prática e o pensamento podem gradualmente forjar muitas artes.
- Livro I, versos 133–134
- Felix qui potuit rerum cognoscere causas.
- Feliz aquele capaz de compreender as causas das coisas.
- Livro II, verso 490 (homenagem a Lucrécio)
- Fugit irreparabile tempus.
- Foge o tempo irreparável.
- Livro III, verso 284
Eneida (29–19 a.C.)
- Traduzida em verso português por João Franco Barreto (1664)
- Arma virumque cano, Troiae qui primus ab oris
Italiam fato profugus Laviniaque venit
Litora, multum ille et terris iactatus et alto
Vi superum, saevae memorem Iunonis ob iram.- As armas e o varão canto, piedoso,
Que primeiro de Tróia desterrado
A Itália trouxe o Fado poderoso,
E às praias de Lavino veio armado;
Aquele que, no golfo tempestuoso
E nas terras, foi muito contrastado,
Por violência dos Deuses e excessiva
Lembrada ira de Juno vingativa. - Livro I, versos 1–4
- As armas e o varão canto, piedoso,
- Tantaene animis coelestibus irae?
- Tantas iras em ânimos divinos!
- Livro I, verso 11
- O terque quaterque beati!
- Ó três e quatro vezes venturosos.
- Livro I, verso 95
- Apparent rari nantes in gurgite vasto.
- Raros no vasto mar se vêem nadando.
- Livro I, verso 118
- Furor arma ministrat.
- Dá-lhe armas o furor.
- Livro I, verso 150
- O socii—neque enim ignari sumus ante malorum—
O passi graviora, dabit deus his quoque finem.- Ó sócios meus, ó vós, que padecido
Haveis mais graves cousas, porque ignaros
Não somos do trabalho endurecido,
Por quem sereis do mundo assaz preclaros;
Fim dará Deus a todas, comovido
De piedade e amor, e em nós seus claros
Olhos porá da região superna,
Que não há cá no mundo pena eterna. - Livro I, versos 198–199
- Ó sócios meus, ó vós, que padecido
- Revocate animos, maestumque timorem
Mittite: forsan et haec olim meminisse iuvabit.- Tende ânimo, e esse peito, traspassado
De temor, confortai, e estai constantes,
Que, por dita, algum dia esta memória
Vos será de mor lustre, e de mor memória. - Livro I, versos 202–203
- Tende ânimo, e esse peito, traspassado
- Talia voce refert, curisque ingentibus aeger
Spem vultu simulat, premit altum corde dolorem.- Tais palavras tirou do experto peito,
E de grandes cuidados combatido,
CO rosto alegre e com sereno aspeito
Dissimula o que n'alma tem metido. - Livro I, versos 208–209
- Tais palavras tirou do experto peito,
- Lacrimis oculos suffusa nitentis.
- banhando de mimosa
Em lágrimas os olhos cristalinos. - Livro I, verso 228 (sobre Vénus)
- banhando de mimosa
- O Dea certe.
- Oh certamente Deusa!
- Livro I, verso 328
- Data fata secutus.
- Seguimos os Fados concedidos.
- Livro I, verso 382
- Dixit et avertens rosea cervice refulsit,
Ambrosiaeque comae divinum vertice odorem
Spiravere; pedes vestis defluxit ad imos,
Et vera incessu patuit dea.- Disse, e, voltando as costas mui ligeira,
Resplandeceu com a cerviz rosada,
E derramou de ambrósia a cabeleira
Uma suavidade desusada:
O vestido até a parte derradeira
Dos pés caiu, e logo foi julgada
No andar certo por deusa. - Livro I, versos 402–405
- Disse, e, voltando as costas mui ligeira,
- Mirabile dictu.
- Coisa admirável!
- Livro I, verso 439
- Sunt lacrimae rerum et mentem mortalia tangunt.
- Vê-se o pranto de nossa desventura,
Que a todos move um mal desmedido. - Livro I, verso 462
- Vê-se o pranto de nossa desventura,
- Illa pharetram fert umero,
Gradiensque deas supereminet omnes.- Ao ombro leva a aljava e, caminhando,
Vence a todos no corpo e formosura. - Livro I, versos 500–501
- Ao ombro leva a aljava e, caminhando,
- Si genus humanum et mortalia temnitis arma,
At sperate deos memores fandi atque nefandi.- Se desprezais as armas dos humanos,
Temer deveis aos deuses soberanos. - Livro I, versos 542–543
- Se desprezais as armas dos humanos,
- Lumenque iuventae / purpureum.
- A luz púrpura da juventude.
- Livro I, versos 590–591 (tradução livre)
- Mens sibi conscia recti.
- Uma mente consciente de sua própria rectidão.
- Livro I, linha 604 (tradução livre)
- Non ignara mali miseris succurrere disco.
- Sei cos miseráveis ser clemente
Porque aos males estou acostumada. - Livro I, verso 630 (Dido)
- Sei cos miseráveis ser clemente
- Equo ne credite, Teucri.
Quidquid id est, timeo Danaos et dona ferentes.- Não tenhais no cavalo confiança,
Alguma cousa é isto, a Grécia temo,
E como visto em sua feia usança,
Todos seus dões, incrédulo, blasfemo. - Livro II, versos 48–49
- Não tenhais no cavalo confiança,
- Quantum mutatus ab illo!
- Quão mudado, ai de mim!
- Livro II, verso 274 (sobre o estado lastimável de Heitor)
- Dis aliter visum.
- Os deuses pensaram o contrário.
- Livro II, verso 428
- Auri sacra fames.
- Maldita fome de ouro!
- Livro III, verso 57
- Degeneres animos timor arguit.
- O medo é prova de uma mente degenerada.
- Livro IV, verso 13
- Quis fallere possit amantem?
- Quem pode enganar uma amante?
- Livro IV, verso 296
- Possunt, quia posse videntur.
- Eles podem porque pensam que podem.
- Livro V, verso 231
- Cede Deo.
- Cede a Deus.
- Livro V, verso 467
- Superanda omnis fortuna ferendo est.
- As adversidades devem ser superadas com paciência.
- Livro V, verso 710
- Bella, horrida bella.
- Guerras, horríveis guerras.
- Livro VI, verso 86
- Facilis descensus Averni:
Noctes atque dies patet atri ianua Ditis;
Sed revocare gradium superasque evadere ad auras.
Hoc opus, hic labor est.- . . . . . . . . . . . ao Averno
Sempre descer se pode facilmente.
Noites, e dias do profundo Inferno
A tenebrosa porta está patente:
Porém tornar atrás, à claridade,
É grã trabalho, é grã dificuldade. - Livro VI, versos 126–129
- . . . . . . . . . . . ao Averno
- Malesuada Fames.
- A fome é má conselheira.
- Livro VI, verso 276
- Mens agitat molem.
- Quisque suos patimur Manes.
- Cada um de nós carrega os seus próprios fantasmas.
- Livro VI, verso 743
- Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo.
- Se não posso dobrar o Céu, então moverei o Inferno.
- Livro VII, verso 312
- Heu pietas, heu prisca fides
- Ah, piedade! Ah, fé antiga!
- Livro VI, verso 878
- Audentes fortuna juvat.
- A sorte favorece os corajosos.
- Livro X, verso 284
Sobre Virgílio
- Animae dimidium meae.
- Metade da minha alma.
- Horácio, Odes, Livro I, ode iii, verso 8
- O Virgile! ô poète! ô mon maître divin!
- Oh Virgílio! Oh poeta! Oh meu mestre divino!
- Victor Hugo, Les Voix Intérieures (1837), VII, 'À Virgile'.