José Lins do Rego

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José Lins do Rego Cavalcanti (Pilar, 3 de julho de 1901Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1957) foi um escritor brasileiro, considerado um dos grandes nomes da literatura regionalista brasileira.


Obras[editar]

Menino de Engenho[editar]

Edição "Livros do Brasil, N° 34, Lisboa

  • "Ainda me lembro de meu pai. Era um homem alto e bonito, com os olhos grandes e um bigode preto. Sempre que estava comigo, era a beijar-me, a contar-me histórias, a fazer-mes as vontades. Tudo dele era para mim. Eu mexia nos seus [livro]]s, sujava as suas roupas, e meu pai não se importava. As vezes, porém, ele entrava em casa calado. Sentava-se numa cadeira ou passeava no corredor com as mãos atrás das costas, e discutia muito com minha mãe. Gritava, dizia tanta coisa, ficava com uma cara de raiva que me fazia medo(…) Coitado de meu pai ! Parece que o vejo quando saiu de casa com os soldados, no dia do seu crime.(…) Vim a compreender, com o tempo, porque razão se deixara a levar ao desespero. O amor que tinha pela esposa era o amor de um louco. O seu lugar não era no presídio para onde o levaram. O meu pobre pai, dez anos depois, morria na casa de saúde, liquidado por uma paralisia geral." (Página 9).
  • "Todos os retratos que tenho de minha mãe não me dão nunca a fisionomia que eu guardo dela-a doce fisionomia daquele rosto,daquela melancólica beleza do seu olhar. "(…) " O seu destino fora cruel: morrer como morreu, vítima de um excesso de cólera do homem que tanto amara". (Pagina 12).

Doidinho:[editar]

Edição "Livros do Brasil", N°34, Lisboa

  • "-Pode deixar o menino, sem cuidados.Aqui eles endireitam-se, saem feitos gente- dizia um velho alto e magro para o meu tio Juca, que me levara para o colégio de Itabaiana(…) Estávamos na sala de visitas. Eu, encolhido, numa cadeira, todo enfiado para um canto, o meu tio Juca e o mestre.Queria este saber da minha idade, do meu adiantamento. O meu tio informava-o de tudo : doze nos, segundo livro do Felisberto de Carvalho, tabuada de multiplicar".(Página 115).

Bangüé[editar]

Edição "Livros do Brasil", N° 26, Lisboa

  • "Afastara-me uns dez anos de Santa-Rosa. O engenho vinha sendo para mim um campo de recreio nas férias do colégio e da universidade. Fizera-me um homem entre gente estranha, nos exames, nos estudos, em casas de pensão.O Mundo cresceu tanto para mim que quase Santa-Rosa se reduzira a um quase nada.Vinte e quatro anos, homem, senhor do meu destino, formado em Direito, sem saber faze nada".(Página 9).

Usina[editar]

Pedra Bonita[editar]

Edição "Livros do Brasil", N° 31,Lisboa

  • " Antônio Bento estava tocando a primeira chamada para a missa das seis horas.Do alto da torre ele via a vila dormindo, a névoa do mês de Dezembro cobrindo a tamarineira do meio da rua. Tudo calado.As primeiras badaladas do sino quebravam o silêncio violentamente (…)Dia de Nossa Senhora da Conceição, oito de Dezembro. O Padre Amâncio celebrava duas missas, a das seis e a das onze horas. Sem dúvida, já se acordara com o toque do sino".(Página 11).

Riacho Doce[editar]

Fogo Morto[editar]

Edição "Livros do Brasil", N° 21

  • " – Bom dia, mestre Zé- foi dizendo o pintor Laurentino a um velho, de aparência doentia, de olhos amarelos, de barba crescida.

– Está de passaem, seu Laurentino? – Vou ao Santa-Rosa. O Coronel mandou-me chamar para um serviço de pintura na casa-grande (…) O mestre José Amaro, seleiro dos velhos tempos(…) trabalhava à porta de casa(…) e grita : – Vai trabalhar para o velho José Paulino? É bom homem, mas eu lhe digo:estas mãos que o senhor vê nunca cortaram sola para ele.Não sou criado de nunguém.Grito comigo não vai ".(Página 13).

Dias Idos e Vividos[editar]

  • "Os grandes escritores têm a sua língua, os medíocres, a sua gramática".
- Frase extraída do livro Dias Idos e Vividos, organizado por Ivan Junqueira, em 1981

Histórias Da Velha Totônia[editar]

Editora Nova Fronteira, VI edição, 1985,Rio de Janeiro

Outras citações[editar]

  • "Volto hoje às minhas criaturas, aos rudes homens do cangaço, às mulheres, aos sertanejos castigados, às terras tostadas de sol e tintas de sangue, ao mundo fabuloso do meu romance, já no meio do caminho."
- "Bota de sete léguas" - Página 68, de José Lins do Rêgo - Publicado por Editôra A Noite, 1952 - 199 páginas
  • "Tenho quarenta e seis anos, moreno, cabelos pretos, com meia dúzia de fios brancos, um metro e 74 centímetros, casado, com três filhas e um genro, 86 quilos bem pesados, muita saúde e muito medo de morrer. Não gosto de trabalhar, não fumo, durmo com muitos sonhos, e já escrevi 11 romances. Se chove, tenho saudades do sol, se faz calor, tenho saudades da chuva. Vou ao futebol, e sofro como um pobre diabo. Jogo tênis, pessimamente, e daria tudo para ver meu clube campeão de tudo. Sou homem de paixões violentas. Temo os poderes de Deus, e fui devoto de Nossa Senhora da Conceição. Enfim, literato da cabeça aos pés, amigo de meus amigos e capaz de tudo se me pisarem nos calos. Perco então a cabeça e fico ridículo. Não sou mau pagador. Se tenho, pago, mas se não tenho, não pago, e não perco o sono por isso. Afinal de contas, sou um homem como os outros. E Deus queira que assim continue."
- José Lins do Rego falando de si mesmo, em dezembro de 1947; citado em "O moleque Ricardo: romance‎" - Página xiv, de José Lins do Rêgo - 1973 - 213 páginas

Mal atribuídas[editar]

  • "O conhecimento do Brasil passa pelo futebol."
- citação de Edilberto Coutinho como se fora José Lins do Rego, conforme anotado em "Dos pés à cabeça: elementos básicos de sociologia do futebol" - página 22, Por Maurício Murad, Publicado por Irradiação Cultural, 1996, 176 páginas