Augusto dos Anjos

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Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Paraíba, 20 de abril de 1884 - Leopoldina, Minas Gerais, 12 de novembro de 1914), foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos,preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas.

É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, focando suas críticas ao idealismo egocentrista que se emergia em sua época, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos liter .


  • "De onde ela vem?! De que matéria bruta / Vem essa luz que sobre as nebulosas / Cai de incógnitas criptas misteriosas / Como as estalactites duma gruta?!"
- Poema "A Idéia" (1912)
- Augusto dos Anjos em "Eu, e outras poesias, com um estudo sobre o poeta‎" - Página 163, de Augusto dos Anjos - Publicado por Bedeschi, 1941 - 271 páginas
  • "Ah! Dentro de toda a alma existe a prova de que a dor como um dardo se renova quando o prazer barbaramente a ataca."
- Augusto dos Anjos In: Monólogo de uma sombra; ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. 42. ed. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 1998. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br> [1]
  • " Maia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede; Na bruta ardÊncia orgânica da sede, morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
- (ANJOS, Augustodos, in: parnasianismo/sombolismo, cadernos de poesia brasileira. São Paulo: instituto cultural, itaú.p.38; ISBN 9788581811949)
No alheamento da obscura forma humana,
De que, pensando, me desencarcero,
Foi que eu, num grito de emoção, sincero
Encontrei, afinal, o meu Nirvana!
Nessa manumissão schopenhauereana,
Onde a Vida do humano aspecto fero
Se desarraiga, eu, feito força, impero
Na imanência da Idéa Soberana!
Destruída a sensação que oriunda fora
Do tacto — ínfima antena aferidora
Destas tegumentárias mãos plebéas —
Gozo o prazer, que os anos não carcomem,
De haver trocado a minha forma de homem
Pela imortalidade das Idéas!"
- Augusto dos Anjos in: Eu e outras poesias. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p. 134
  • "O amor, poeta, é como cana azeda,

A toda boca que não prova engana."

  • "O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja."


Poesias completas[editar]

Versos Íntimos

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo, Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja esta mão vil que te afaga,
Escarra nesta boca que te beija!
Pau d'Arco - 1901


O Deus-Verme

"Universal não transformismo Fator,
Filho da teleológica Matéria,
Na na Miséria excesso OU,
Verme - E o Seu nome de batismo escuro.
Jamais Emprega ou amargo exorcismo
Em SUA Ocupação taxa diária fúnebre,
E vive em conluio bactéria com,
Livre das Roupas do antropomorfismo.
Almoça a podridão drupas das Agras,
Janta hidropisia, o ROI magra vísceras
E dois padres falecidos & Irmãos Novos Incha Mao ...
Ah Para ELE E que FICA carne Podre,
E não - inventário dá Matéria ricos
It SEUS Filhos anos para Porcão Maior!"

Psicologia da UM Derrotado

"Eu, eu faço filho do carbono e amôniaco,
Monstro da Escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
a influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este Operário das Ruinas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em Geral declara guerra,
Anda a espreitar Meus Olhos para ROê-los,
há de deixar-me apenas Cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!"
(Eu e Outras Poesias)